SÃO PAULO, SP E PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – As comemorações do Dia do Trabalho reuniram multidões ao redor do mundo em protestos e marchas. Houve confusão na Turquia e nas Filipinas. Nos Estados Unidos e em Cuba, críticas às políticas do governo de Donald Trump foram incorporadas às reivindicações da data
Em Istambul, mais de 400 pessoas que participavam de atos foram presas na região da praça Taksim. Com raras exceções, as concentrações estão proibidas na região -cenário no passado de grandes lutas pela democracia- desde que as manifestações iniciadas próximo do parque Gezi abalaram o governo em 2013, durante a Primavera Árabe.
Mas as restrições, criticadas pela Anistia Internacional, não impediram a população de ir às ruas.
Jornalistas da agência de notícias AFP testemunharam várias dezenas de prisões nos bairros de Besiktas e Mecidiyekoy, na margem europeia da cidade, onde a polícia bloqueava as vias de acesso à praça Taksim.
Além da Turquia, houve confusão também nas Filipinas, e participantes entraram em confronto com policiais na capital Manila. Não há informação se houve pessoas presas.
Na Ásia, ocorreram protestos ainda em Coreia do Sul, Bangladesh, Sri Lanka, Indonésia e Camboja. Já na Europa, atos foram realizados na França, Itália, Grécia, Sérvia, Croácia, Alemanha e Bélgica.
Em Caracas, capital da Venezuela, um grupo de cerca de 300 trabalhadores públicos e aposentados protestou para exigir um “salário digno”, horas depois de o ditador Nicolás Maduro anunciar um aumento das pensões e dos bônus que os funcionários recebem.
Na véspera do Dia do Trabalho, Maduro anunciou um aumento das pensões e do bônus que os funcionários públicos recebem mensalmente, embora o salário mínimo permaneça congelado em menos de US$ 2 (R$ 11,34) desde 2022.
“Sobra muito mês no final do salário”, “Morreu o salário”, “Sem salário aumenta a migração”, “Não mais bônus, salários dignos já”; “Sem salários não há benefícios nem férias”, lia-se em vários dos cartazes.
Também houve um aceno ao Dia do Trabalho no Vaticano, durante a missa de sexto dia de luto pela morte do papa, que coincidiu com o feriado. O cardeal argentino Victor Manuel Fernández, que conduziu a cerimônia, disse que Francisco foi um ativista pela “dignidade do trabalho”.
“Os trabalhadores estavam no coração do papa Francisco”, disse Fernández. “Para o papa Francisco, o trabalho expressava e nutria a dignidade do ser humano”, assinalou.
ATOS CONTRA TRUMP
As políticas do presidente de Trump não escaparam dos protestos do Dia do Trabalho. Críticas às políticas de imigração, aos ataques às faculdades americanas, ao apoio à Israel e à participação do bilionário e aliado de Trump Elon Musk no governo marcaram as manifestações nos EUA.
“Nenhum ser humano é ilegal”, diz um cartaz em manifestação em Chicago. Em Washington, outro manifestante carregava cartaz com desenho de Trump e a frase: “Vergonha nacional”. “Direitos dos imigrantes são direitos dos trabalhadores. Parem com as deportações”, pediam cartazes nas ruas de Nova York.
Opositores dizem que a insatisfação com Trump ainda não é um movimento nacional organizado, mas está ganhando força recentemente. “Há um movimento se desenvolvendo. Agora sinto que há pessoas se levantando, se manifestando e percebendo que isso é a coisa certa a fazer, que vai piorar antes de melhorar”, disse o governador democrata J.B. Pritzker de Illinois, ao New York Times.
Em Cuba, centenas de milhares de pessoas se reuniram na Praça da Revolução de Havana, e também reafirmaram sua rejeição às sanções dos EUA e sua “perversa campanha” contra as brigadas médicas cubanas.
Essa é a primeira grande marcha desde 2022, após anos de manifestações mais modestas devido à escassez de combustível e problemas de transporte que afetam a ilha.
Com palavras de ordem como “Abaixo o bloqueio!”, “Aqui ninguém se rende!” e “Viva Cuba livre!”, o primeiro contingente, composto por médicos e enfermeiros, avançou diante do monumento a José Martí, onde Raúl Castro, 93, e o presidente, Miguel Díaz-Canel, saudavam os participantes.
O líder do sindicato dos trabalhadores em Cuba, Ulises Guilarte, disse que, com as sanções, Washington pretende “provocar carências, desestabilizar o país” e denunciou “a perversa campanha americana contra os programas de colaboração médica” de Cuba.