SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) encontrou do outro lado do mundo o modelo que pretende implantar nos canteiros centrais das avenidas embaixo dos viadutos de São Paulo. Em visita oficial à China e ao Japão, Nunes enviou um vídeo de um viaduto em Tóquio, onde o canteiro central está todo tomado por vegetação.
“Nossa ideia é tornar os espaços que estão feios em espaços bonitos”, disse o prefeito, via assessoria de imprensa.
O primeiro teste na capital paulista iniciou na terça-feira (29), quando foi finalizada a obra de um bolsão de estacionamento gratuito embaixo do viaduto Presidente João Goulart, o Minhocão, na região central.
Por enquanto, são apenas quatro vagas, mas a ideia é fazer espaços em toda a rua Amaral Gurgel e também em trecho da avenida São João e sua continuação, General Olímpio da Silveira.
A gestão Nunes diz que essa é mais uma alternativa estudada “para dar uma melhor destinação aos baixos do elevado, que, apesar das intensas ações de zeladoria da prefeitura, têm sido alvo constante de descarte irregular de lixo, o que inclusive inviabilizava a utilização da ciclovia. O descarte irregular é feito por caçambeiros e por moradores de prédios do entorno”.
O projeto, no entanto, é controverso. A começar por um estudo da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que faz uma série de ressalvas e aponta que as duas vias são arteriais, ou seja, são fundamentais para o sistema viário nos deslocamentos de grandes distâncias. Por isso, o acesso a endereços locais não é prioridade da via.
A CET diz ainda que não há melhorias viárias previstas nas duas ruas e que elas poderiam ser tratadas dentro do projeto de desativação do Minhocão, incluída no Plano Diretor.
Outro problema é que ciclovia passará a ser bidirecional (uma única via com dois sentidos de circulação). A situação, segundo a avaliação técnica, é mais complicada no trecho das avenidas São João e General Olímpio da Silveira, onde a via para bicicletas foi construída em 2015, com o traçado adaptado a partir do corredor de ônibus que liga o centro aos bairros da Lapa e Pirituba, na zona oeste.
Além de o canteiro ser mais estreito, o trecho de ciclovia já é dividido em trechos mono e bidirecional justamente para não haver conflito entre os ciclistas e os pedestres que embarcam nos ônibus. A companhia de trânsito aponta apenas dois trechos onde seria possível fazer um corredor longitudinal. E sugere mais estudos antes de uma implementação.
Em nota, a gestão Nunes afirma que “o projeto de um bolsão de estacionamento será implantado inicialmente de forma experimental em somente um trecho sob o viaduto (Minhocão) para avaliação de viabilidade”.