BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O economista Sérgio Firpo, secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas do Ministério do Planejamento e Orçamento, vai deixar o cargo.

A pasta da ministra Simone Tebet confirmou oficialmente a saída de Firpo em nota à imprensa, divulgada nesta quarta-feira (30). Auxiliares do secretário afirmam à reportagem que ele pediu para sair do governo porque está cansado.

Firpo é o quarto dos cincos secretários nacionais a deixar a equipe de Tebet. Do time inicial, anunciado no início do governo Lula, só resta o secretário-executivo, Gustavo Guimarães.

Segundo relatos ouvidas pela reportagem, Firpo, um dos nomes mais conceituados da equipe de Tebet, teria percebido que não tem como “vencer a batalha” dentro do governo para fazer andar a revisão das políticas públicas, que visam o aumento da eficiência dos gastos públicos.

“Meu compromisso com a ministra Tebet foi o de estruturar uma área dentro do MPO que contribuísse para fortalecer a agenda de avaliação no executivo federal e desenvolvesse instrumentos para o aprimoramento contínuo da qualidade do gasto público. Após mais de dois anos de trabalho, percebo que fizemos importantes avanços nessa direção”, afirmou Firpo na nota à imprensa.

O especialista publicou avaliações sobre políticas públicas sensíveis, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e auxílio-doença, e propôs alterações no seguro-desemprego que desagradaram integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No ano passado, ficou de fora do debate final das medidas do pacote de revisão de gastos encaminhado pelo governo ao Congresso para aumentar a credibilidade das contas públicas. As suas avaliações não foram consideradas na análise do governo no pacote de Lula.

No final do ano passado, após o anúncio do pacote de gastos, Firpo já tinha sinalizado à ministra Simone Tebet sua intenção de deixar o governo. Mas preferiu esperar ficar pronto um relatório bienal 2023/2024 das avaliações de programas e políticas públicas do governo. O relatório foi lançado, na semana passada, com a presença de Tebet.

Auxiliares disseram à reportagem que Firpo não queria sair do cargo sem divulgar o documento, resultado do seu trabalho à frente da secretaria criada por Tebet para dar visibilidade à revisão de gastos.

Ele colocou a secretaria de pé e passou a procurar os ministérios para fazer parcerias na tentativa de difundir no governo uma cultura de avaliação e revisão das políticas, inclusive antes de elas serem aprovadas e lançadas.

A expectativa é que passado o primeiro ano do governo, quando o foco da área econômica foi a aprovação da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal, essa agenda ganharia tração com o protagonismo do Ministério do Planejamento e Orçamento.

Firpo teria o ano de 2023 para trabalhar nas avaliações para preparar o terreno para 2024. Mas teve que lidar com as resistências dos ministros da Previdência Social (Carlos Lupi), Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (Wellington Dias) e do Trabalho Emprego, Luiz Marinho.

Também teve embate com o ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, de Geraldo Alckmin. Sofreu críticas após ter dito em entrevista à Folha de S.Paulo que as metas da nova política industrial, a Nova Indústria Brasil, teriam que passar por um processo de monitoramento durante a execução para medir os benefícios e verificar se os objetivos e metas estão sendo cumpridos.

BAIXAS PARA TEBET

A primeira baixa de peso de Tebet ocorreu em abril do ano passado, quando a secretária nacional de Planejamento, Leany Lemos, pediu demissão. Antes dela, outras trocas já tinham ocorrido. Em outubro de 2023, o então secretário de Articulação Institucional, José Antônio Silva Parente, deixou o cargo por motivos pessoais. Em seu lugar assumiu João Villaverde. Houve ainda a saída do secretário-adjunto de Orçamento Federal, Daniel Couri, substituído por Clayton Montes.

Em julho do ano passado, o secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, deixou o cargo, a menos de dois meses do envio do Orçamento de 2025 para o Congresso.

Firpo é economista especializado em mercado de trabalho e professor do Insper. Foi colunista da Folha de S.Paulo. Se formou em economia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em 1996, tem mestrado na área pela PUC-Rio e doutorado pela Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.

É um dos idealizadores do Ifer (Índice Folha de Equilíbrio Racial), indicador que mede a exclusão de negros em educação, renda e sobrevida, feito em parceria com os também economistas Michael França e Alysson Portella. O secretário-adjunto, Wesley Matheus de Oliveira assume, como substituto, o comando da secretaria de Firpo.