SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O 99Food coloca adrenalina na adormecida competição no delivery, Trump x Amazon mostra punho de ferro na gestão dos EUA e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (30).

**RALLY NO DELIVERY**

Ao andar nas ruas de uma metrópole brasileira, pode parecer que não há mais espaço para enfiar motocicletas. A 99 quer provar que esta é uma hipótese refutável.

CHEGANDO COM TUDO

A 99Food, serviço de delivery de refeições da 99, vai voltar para o Brasil.

Você não leu errado, ela vai voltar mesmo. A empresa atuou no ramo no país de 2020 a 2023, período semelhante ao da Uber Eats, que desistiu do negócio um ano antes.

Ninguém entra no mesmo rio duas vezes, segundo o filósofo Heráclito de Éfeso. Passado algum tempo, não é o mesmo rio e nem é o mesmo homem. Gostou da reflexão?

Tudo isso para dizer que o mercado mudou muito desde que a 99Food saiu de cena. Lá em 2023, iFood, Rappi e Uber Eats disputavam um mesmo espaço –que cresceu rapidamente devido à pandemia. Hoje, só uma domina a demanda, e a segunda, fica em um segundo plano (bem apagado).

FERVENDO A PANELA

Hoje, a competição da vermelhinha está restrita a setores específicos. Há o Zé Delivery, da Ambev, para bebidas, o Daki para compras no supermercado, e as entregas das farmácias. Contudo, nenhuma que reúne todos estes setores bate de frente com a líder.

Para ameaçar a coroa, a recém retornada pretende passar dois anos sem cobrar mensalidade nem comissão dos estabelecimentos que se cadastrarem na plataforma. Só terá o custo referente à entrega do produto, que varia com alguns fatores.

3, 2, 1, VALENDO

O cadastro para os restaurantes que desejam operar no aplicativo foi aberto ontem. Para o público, o lançamento está previsto para os próximos meses.

O início da operação será dividido em etapas. Se você é proprietário de algum estabelecimento, fique tranquilo. Será avisado com 30 dias de antecedência sobre o início das atividades na sua região.

E EU COM ISSO?

Tudo a ver. A 99Food precisa de restaurantes em sua plataforma, entregadores que queiram trabalhar para eles e clientes comprando. Para conseguir, a estratégia promete ser agressiva.

Dá para esperar promoções, cupons, descontos e toda sorte de chamariz. O que, talvez, estimulará as concorrentes a reagir com armas do mesmo tipo. Uma boa época para não sair de casa.

**NA PROMOÇÃO**

O gerente ficou louco e tenta se livrar dos papéis da Azul. O preço das ações está tão baixo que essa pode ser a primeira impressão de quem olhar para o que aconteceu no Ibovespa ontem.

A PREÇO DE BANANA

A companhia aérea fechou na mínima histórica, cotada a R$ 1,74 na B3. Foi o quarto pregão de queda e, só ontem, as ações elas perderam 10,77% em valor.

– Na quinta-feira passada, caíram 24%;

– Na sexta-feira, 17,37%;

– Antes da pandemia, esses papéis já custaram cerca de R$ 60.

O QUE ROLOU?

Em 23 de abril, a empresa anunciou que emitiria 464 milhões novas ações ao preço de R$ 3,58. Ela levantou R$ 1,66 bilhão, muito menos do que os R$ 4,1 bilhões que esperava.

POR QUÊ?

Quando uma empresa lança suas ações no mercado, em geral, significa que está precisando de grana, o que não necessariamente é algo ruim. Ela pode estar com um novo projeto na manga, gastando com inovação ou contratações, por exemplo.

Contudo, no caso de uma empresa que já passou por uma reestruturação judicial e está em um setor que, por natureza, gasta mais do que ganha, um sinal vermelho se acende na cabeça do investidor.

Não ajuda o fato de que muitos que negociam na bolsa não são grandes fãs de papéis de empresas aéreas. São bastante voláteis e, em geral, não oferecem muitos dividendos.

Some a isso o momento em que estamos, de grande temor global por uma recessão. Elas são sensíveis aos ciclos econômicos: quem viaja quando a economia está capenga?

Ah! Não se esqueça que ela não registra lucro anual desde 2019.

Ou seja…o preço das ações cairia com o aumento na oferta. O problema é que a demanda também não anda lá aquelas coisas. A receita para o bolo murchar.

As negociações não foram ruins ontem. O Ibovespa fechou em leve alta, variando 0,05%. O problema da Azul é só dela mesmo.

Olhos no futuro. A companhia está em processo de fusão com a Gol desde janeiro deste ano, ainda sujeito à aprovação do Cade. A união delas pode concentrar uma fatia de 60% do mercado doméstico de transporte aéreo de passageiros.

**O VELHO-OESTE DO XERIFE TRUMP**

O bang-bang continua solto nos Estados Unidos comandados pelo xerife Donald Trump. Os bons companheiros do presidente não ousam contrariá-lo, e os que ousam…recebem telefonemas desaforados.

UM ATO DE REBELDIA

A Amazon pretendia indicar aos consumidores o preço que eles pagariam pelas tarifas adicionais na importação dos produtos impostas por Trump.

A ideia, segundo reportagem do Punchbowl News, era detalhar o preço do produto e quanto a sobretaxa adicionaria ao valor final. O plano seria implementado nas próximas semanas, conforme os efeitos fossem vistos.

O detalhamento dos impostos é uma prática comum nos EUA. Diferentemente do Brasil, lá os itens são expostos com preços antes das tarifas, que são adicionadas no final da compra.

A mudança é que o e-commerce queria destacar o que seria oriundo do tarifaço.

Quando chegou aos ouvidos do chefe…ele não gostou nada. Jeff Bezos, fundador e ex-CEO da companhia, se aproximou de Trump nos últimos tempos –e Washington não esperava essa retaliação. Segundo a CNN, o presidente ligou furioso para o executivo.

Afinal, destacar as taxas é uma maneira de incitar a ira contra elas. Ou não?

A medida foi adotada pela Temu, site chinês de comércio, que expôs aos consumidores o valor referente às alíquotas de importação.

“Hostil e política”, foi como a secretária de Imprensa da delegacia (ou Casa Branca), Karoline Leavitt, classificou a atitude da Amazon. Disse que não ficou surpresa.

QUEM TEM JUÍZO, OBEDECE

O medo de uma retaliação fez com que Bezos esquecesse a ideia em um piscar de olhos.

A empresa negou a intenção. Depois, disse que a ideia foi levantada apenas para o Amazon Haul, um setor do site existente nos EUA, onde são vendidos itens de menor valor agregado: tipo a Shein e a Temu.

“Equipes discutem ideias a todo o momento. Isso nunca foi aprovado e não vai acontecer”, afirmou Ty Rogers.

E, assim, a paz foi instaurada de novo no xerifado.

**QUEDA DE BRAÇO (ELETRÔNICO)**

A disputa entre sistemas de inteligência artificial não se restringe a plataformas do Ocidente versus Oriente. A competição regional também é pesada e, talvez, mais exigente que a internacional.

No “corner” da China, os oponentes estão se fortalecendo. O Alibaba atualizou seu principal modelo, o Qwen. Um indicativo de que, desde que a palavra da DeepSeek atravessou o Pacífico, o ritmo de evolução ficou alucinante.

TÊTE-À-TÊTE

A nova atualização, segundo a própria criadora, rivaliza o desempenho dos sistemas da concorrente chinesa em várias frentes –matemática e codificação entre elas. Não vale usar essa informação para colar na prova.

Os custos de implantação também seriam menores, afirmou a empresa.

ANATOMIA

A série Qwen3 inclui dois modelos chamados MoE (sigla para mistura de especialistas) que buscam se equiparar aos sistemas de raciocínio híbrido.

Ou seja, imitar o pensamento humano na hora de resolver problemas.

A Google e a Anthropic testam estratégias semelhantes.

A técnica divide as tarefas em conjuntos menores de dados –é tipo colocar um grupo de especialistas em cada parte do processo para desenvolver um projeto.

CUSTO VS. EFICIÊNCIA

A DeepSeek colocou as expectativas lá no alto em relação ao custo-benefício de modelos de IA. Mostrou que, até o momento, dá para desenvolver um sistema relativamente complexo por preços menores.

Esse virou o mote na corrida tecnológica do país asiático. Menos dinheiro, mais rapidez. Um exemplo da velocidade em que as coisas caminham é que a Alibaba lançou a versão do anterior do Qwen no mês passado.

Há exigências relacionadas ao peso dos sistemas também: precisam ser leves para rodar em celulares e laptops, mas também processar milhões de informações ao mesmo tempo.

DO LADO DE CÁ

A OpenAI, controladora do ChatGPT, anunciou que planeja lançar um programa que imite mais a nossa cachola. A proposta também envolve uma abertura maior do código, outra mudança proporcionada pela ascensão das rivais na China.

Além da tecnologia…a ascensão da Alibaba na IA ajudou a empresa no campo político. Jack Ma, cofundador da companhia, entrou em conflito com o Partido Comunista chinês em 2020. Na época, criticou abertamente o sistema financeiro do país, dizendo que era obsoleto e fechado à inovação.

Isso o colocou em rota de colisão com o regime e o empresário sumiu da vida pública por algum tempo. Recentemente, voltou aos holofotes com o apoio da liderança ao setor.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Morna…é o que dá para dizer sobre a reunião dos Brics que aconteceu ontem, no Rio de Janeiro. Não houve acordo, nem declaração final.

Careca do INSS”…é o apelido do indivíduo que recebeu R$ 53,5 mi de entidades que são alvo da investigação sobre possíveis fraudes no instituto.

Você confia nos robôs? É melhor confiar, porque o Itaú vai colocar uma IA para gerenciar alguns investimentos.