Da Redação
Durante audiência na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (29/4), o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, trouxe à tona a gravidade das suspeitas envolvendo descontos não autorizados nos benefícios de milhões de aposentados e pensionistas. Segundo ele, mais de seis milhões de pessoas já tiveram algum valor debitado para associações — embora nem todas essas cobranças sejam fraudulentas.
A fala acontece na esteira da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União na última semana, para investigar desvios em descontos associativos feitos diretamente na folha do INSS. “Não posso dizer quantos foram fraudados, mas sabemos que há um problema sistêmico. Identificar a origem de cada autorização é um trabalho minucioso e demorado”, disse o ministro.
Lupi voltou a criticar o modelo de cobrança direta nos benefícios e defendeu que a adesão a qualquer associação deveria ser feita por boleto ou Pix, evitando que o INSS seja intermediário. Ele também afirmou que o governo estuda mecanismos para devolver o dinheiro a quem foi prejudicado. “Os bens das entidades investigadas estão bloqueados. Vamos responsabilizar os culpados”, garantiu.
Entre 2016 e 2023, os valores descontados de aposentadorias e pensões cresceram de R$ 413 milhões para impressionantes R$ 2,8 bilhões. Paralelamente, as reclamações explodiram: mais de 1,1 milhão de pedidos de cancelamento foram registrados entre janeiro de 2023 e maio de 2024, a maioria por descontos não autorizados.
As investigações levaram à queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, e ao afastamento de outros dirigentes. O ministro não fugiu da responsabilidade: “Demoramos? Sim. Mas estamos enfrentando. Quem tiver culpa vai pagar. Não importa se são pessoas próximas.”
Em tom firme, Lupi finalizou: “Se existe uma quadrilha aqui dentro, ela não é do nosso governo. Vamos até o fim para desmascarar quem lucra em cima dos aposentados.”