SÃO PAULO, SP E WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou decretos nesta terça-feira (29) que vai reduzir algumas tarifas para montadoras após Ford, General Motors e outras empresas reclamarem que as sobretaxas prejudicariam o setor ao aumentar o custo de produção e reduzir seus lucros.
As mudanças modificarão as tarifas de Trump para que as montadoras que pagam uma tarifa de 25% sobre importações de automóveis não estejam sujeitas a outras tarifas, como aquelas sobre aço e alumínio, disseram autoridades do governo americano nesta terça.
As montadoras que fabricam no país também poderão se qualificar para um alívio tarifário aplicado de acordo com o custo de seus componentes importados, mas o governo disse que esses benefícios serão eliminados gradualmente nos próximos dois anos.
As empresas conseguiriam um alívio de 15% no primeiro ano e de 10% no segundo. No terceiro, seria zerado. Segundo um funcionário de alto escalão do governo americano, a ideia é dar tempo suficiente para que as montadoras consigam construir uma cadeia de suprimentos local.
A autoridade também confirmou que a mudança ocorre após reuniões com as montadoras. Ele também disse que todos os carros montados nos EUA que têm 85% de conteúdo doméstico passarão a ser isentos.
Falando nesta terça-feira antes de deixar a Casa Branca, Trump disse que o governo queria ajudar as montadoras a “aproveitar essa pequena transição, de curto prazo”. “Se eles não conseguem obter peças, não queríamos penalizá-los”, disse.
A decisão de reduzir o escopo das tarifas é o mais recente sinal de que a decisão do governo Trump de impor taxas elevadas a quase todos os parceiros comerciais criou caos e incerteza econômica para empresas americanas.
Mesmo com as concessões anunciadas nesta terça, as políticas implementadas nos últimos meses ainda devem elevar os preços dos automóveis milhares de dólares e colocarão em risco a saúde financeira das montadoras e seus fornecedores, segundo analistas.
A General Motors abandonou nesta terça-feira (29) uma previsão anterior de crescimento de lucros devido à incerteza criada pelas políticas comerciais de Trump. A montadora líder no país disse que qualquer previsão seria um “palpite”.
A montadora também adiou para quinta-feira (1º) uma reunião com analistas para discutir seus resultados do primeiro trimestre, citando a mudança esperada na política tarifária do governo Trump.
O recuo de Trump ocorre no mesmo dia em que ele viaja para o Michigan, estado que abriga as maiores montadoras nos EUA, para um discurso que marca seus cem dias no cargo.
As montadoras aprovaram o afrouxamento das tarifas, que segundo elas aumentariam os preços dos carros, causariam queda nas vendas e ameaçariam suas finanças. Mas as medidas não revertem de vez a tarifa de 25% sobre veículos importados que entrou em vigor em 3 de abril e uma tarifa sobre autopeças que entrará em vigor no sábado.
A medida desta terça ainda ocorre semanas depois da isenção para smartphones, computadores, semicondutores e outros eletrônicos das tarifas sobre a China devido a preocupações de empresas como a Apple de que os impostos fariam os preços dispararem.
Howard Lutnick, secretário do Comércio, disse nesta terça que as mudanças surgiram de conversas diretas com as montadoras, e que o governo estava em “contato constante” com as empresas para analisar seus negócios e garantir que as políticas são certeiras.
“Donald Trump e sua presidência vão trazer de volta a fabricação de automóveis doméstica”, disse Lutnick.