BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal concluiu que Francisco Wanderley Luiz agiu sozinho quando se explodiu em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) em novembro passado, na praça dos Três Poderes, em Brasília.

Em nota divulgada nesta terça-feira (29), a PF informou que não houve participação ou financiamento de terceiros e que a motivação do crime foi “o extremismo político”.

Também disse que, durante as investigações, foram utilizados diversos meios de prova, com destaque para a análise das comunicações e dos dados bancários e fiscais.

Houve exames periciais em todos os locais vinculados aos fatos, reconstituição cronológica das ações do autor antes e durante o atentado e oitiva de mais de uma dezena de testemunhas.

Segundo a polícia, as conclusões da investigação foram encaminhadas ao STF.

“A Polícia Federal reafirma seu compromisso com a defesa da sociedade e com a preservação do Estado democrático de Direito e de suas instituições e segue vigilante e preparada para responder, com rigor técnico, imparcialidade e eficácia a quaisquer ameaças à ordem constitucional do país”, disse a PF.

A morte de Francisco Wanderley ocorreu no dia 13 de novembro de 2024, após a detonação de bombas em dois locais da praça dos três Poderes, levando apreensão às classes política e jurídica da capital federal um ano e dez meses depois dos ataques promovidos por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) contra as sedes do Supremo, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

As explosões ocorreram por volta das 19h30, uma perto ao prédio principal do Supremo e outra em um veículo Kia Shuma 1999/2000 encontrado próximo a um dos anexos da Câmara dos Deputados, também nas cercanias da sede do Judiciário.

Francisco usava roupas com possível alusão à fantasia do personagem Coringa, vilão de histórias de quadrinhos. Ele vestia uma calça e um terno de mesma estampa com os naipes de cartas de baralho, com o fundo de cor verde-escuro e, ao lado do corpo, foi encontrado um chapéu branco.

Antes das explosões, ele publicou nas redes sociais referências a bombas e disse que a Polícia Federal teria que desarmar o equipamento, fazendo referência a um jogo.

“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda”, disse, em capturas de tela de celular publicadas no Facebook.

Durante a madrugada e manhã seguintes às explosões, a Polícia Militar do Distrito Federal desativou ao menos oito explosivos localizados na região da praça dos três Poderes.

Foram também encontrados artefatos na residência que Francisco alugou em Ceilândia, região administrativa do DF. Eles estavam perto de uma janela e um outro dentro do fogão.

Morador de Santa Catarina e chaveiro, ele disputou a eleição de 2020 como candidato a vereador pelo PL, com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), sem ter sido eleito -teve 98 votos.

No apartamento alugado por Francisco no DF, os policiais identificaram um recado para Débora Santos, presa e condenada a 14 anos de prisão por participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

No espelho do banheiro, as imagens mostram o nome Débora escrito com batom vermelho. Mais abaixo, aparece o seguinte texto: “Por favor, não desperdice batom! Isso é para deixar as mulheres bonitas. Estátua de merda se usa TNT”.