BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), afirmou nesta terça-feira (29) que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não deveria intermediar as relações entre associações para aposentados e beneficiários do instituto.
“Resolveram colocar o INSS com mais esse trabalho. É mais cômodo [para as associações] o desconto em folha do que ter que ir atrás do aposentado todo mês”, disse o ministro em reunião da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados.
Lupi foi convidado para participar da sessão antes de PF (Polícia Federal) e CGU (Controladoria-Geral da União) deflagrarem a operação Sem Desconto, que mira os descontos indevidos em benefícios do INSS.
Ele manteve a confirmação de presença após os desvios serem revelados, o que aumentou a atenção para a sessão. Na sua fala, defendeu as ações do governo e disse que um problema como esse não se resolve de um dia para o outro.
“Temos sociedade que tem vocação da esperteza. Coibir isso a gente tenta, a gente luta, mas é mentira dizer que isso se resolve em estalar de dedo”, afirmou. “Essa quadrilha não vem de hoje e nosso papel é investigar e botar na cadeia”, continuou.
O PT tem só dois parlamentares na comissão. Diante disso, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), participa da sessão para defender o governo do presidente Lula (PT) em caso de ataques da oposição.
Além dele, compõe a tropa de defesa os deputados Ana Paula Lima, (PT-SC), Camila Jara (PT-MS) e Jilmar Tatto (PT-SP),
A oposição também enviou parlamentares que não são membros da comissão, como o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).
A ação da PF e da CGU tem como objetivo combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. De acordo com as investigações, a soma dos valores descontados chega a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024, mas ainda será apurado qual a porcentagem foi feita de forma ilegal.
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, com um único alvo, foram apreendidos vários carros, como uma Ferrari e um Rolls Royce, avaliados em mais de R$ 15 milhões. Com outro, 200 mil dólares e, um segundo, 150 mil. Também foram apreendidas joias e quadros.
As 11 entidades investigadas responderam por 60% do total abatido dos benefícios em fevereiro deste ano. No segundo mês deste ano, foram descontados R$ 250 milhões dos benefícios pagos pelo órgão. Desse total, R$ 150 milhões foram para as associações e sindicatos investigados.