SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Foi publicado numa nota de uma coluna na página 10 da edição de 5 de abril de 1933 do jornal “The New York Times”: “Nazistas manterão 5.000 em campo de Dachau”.

O horror ganhava endereço fixo, mas isso ainda não era claro, a julgar pelo que dizia o texto, resultado da visita de duas horas de um repórter ao local.

O campo, o primeiro criado e mantido durante o regime nazista, fora inaugurado duas semanas antes por Heinrich Himmler (1900-1945), arquiteto do projeto nazista de extermínio em massa de judeus.

Naquele momento, 300 prisioneiros, definidos como “comunistas”, preparavam as instalações de uma antiga fábrica de munição para os milhares que ficariam ali como presos políticos.

“Os homens detidos não têm reclamações sobre o tratamento –aqueles que ‘se comportarem’ serão libertados após um mês”, afirmava a reportagem.

Como se sabe, a história foi bem diferente. Os campos de concentração se replicaram pela Europa nos anos seguintes. E o original perdurou por 12 anos, com ao menos 41 mil mortes. Só foi desmontado perto do fim da guerra na Europa, quando tropas americanas entraram no local, numa ação que completa 80 anos nesta terça-feira (29).

Visitar Dachau décadas depois é uma experiência muito demandante. Difícil imaginar que alguém possa passar pelo portão na saída com a mesma cabeça com que entrou.

Está ali o modelo da barbárie. A câmara de gás. Os crematórios. Os dormitórios insalubres. A área onde prisioneiras eram estupradas. As cenas dos experimentos com humanos.

Tudo exposto para visitação, ainda que parte das instalações tenha sido reconstruída após a guerra. A entrada é gratuita, e um tour razóavel leva no mínimo duas horas.

Para quem tiver tempo, dá para esticar a viagem e aprender mais sobre o nazismo. Dachau, cidade medieval da Baviera, fica entre Nuremberg (duas horas de distância) e Munique (45 minutos). A última foi cenário da ascensão de Adolf Hitler, cuja morte faz 80 anos nesta quarta (30); a primeira entrou para a história como palco dos grandes comícios nazistas e, após a guerra, do tribunal que julgou o comando do regime –local também aberto à visitação.

MEMORIAL DO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE DACHAU

– Quando diariamente, menos em 24/12, de 9h a 17h

– Onde Alte Römerstraße 75, Dachau, Alemanha

– Preço gratuito