BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A executiva nacional do PSDB aprovou nesta terça-feira (29), em Brasília, o início do processo formal para se fundir ao Podemos.

Foram 38 votos a 0, de acordo com participantes da reunião, que foi fechada à imprensa.

O governador Eduardo Leite (RS), que ameaça deixar a legenda, participou do encontro de forma virtual e também votou a favor da fusão. De acordo com tucanos, ele mantém, porém, a dúvida sobre se permanecerá ou sairá da legenda.

Leite se coloca como pré-candidato à Presidência da República em 2026 e avalia as melhores condições para isso, se dentro do PSDB-Podemos ou se fora dele.

“Se o meu movimento for em direção a outro partido, e não a permanência no que vier a ser o PSDB na sua fusão, será por enxergar a oportunidade de não apenas participar, mas também de liderar o projeto [nacional]”, afirmou leite em recente entrevista à Folha de S.Paulo.

A nova agremiação deve se chamar provisoriamente #PSDB+Podemos e será presidida, no início, em formato de rodízio entre dirigentes de Podemos e PSDB.

Um dos principais partidos do país nas últimas décadas, tendo comandado o Brasil de 1995 a 2002 com Fernando Henrique Cardoso, o PSDB tem passado nos últimos anos por um encolhimento que o forçou buscar alianças com o objetivo de não desaparecer por completo.

O partido chegou a negociar fusão, incorporação ou federação com outros partidos maiores, como PSD e MDB, mas as tratativas não avançaram.

A intenção do PSDB-Podemos —que tende a manter o número 20 do Podemos, aposentando o 45 do PSDB, mas mantendo um tucano como símbolo— é formar uma federação com o Solidariedade futuramente.

A decisão desta terça ainda tem que passar por outras etapas formais, como reunião em conjunto entre as duas agremiações para criação do estatuto e programa da nova legenda.

A direção dos dois partidos precisam, também em reunião conjunta, eleger por maioria absoluta o órgão de direção nacional. O registro da nova sigla tem que ser pedido e aprovado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“A partir de agora, as consultas serão ampliadas e as várias instâncias partidárias serão ouvidas”, disse em nota o partido, que marcou Convenção Nacional para 5 de junho, quando serão deliberadas as eventuais alterações no estatuto do partido necessárias à fusão.

“Avançaremos na busca de um alternativa partidária que se coloque no centro democrático, longe dos extremos, e que permita ao país voltar a se desenvolver. PSDB e Podemos continuarão se reunindo nas próximas semanas para construir as convergências necessárias à consolidação de nossa união de estruturas e, principalmente, de propósitos.”

Os defensores da aliança tentam convencer Eduardo Leite e também Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) a permanecer no partido, com o argumento de que a nova agremiação teria mais fundo eleitoral e partidário do que outras, como Republicanos, MDB, PSD e PP. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, já deixou o partido e se filiou ao PSD.

A legenda chegou a eleger 99 deputados federais e sete governadores em 1998, além de contar com 16 senadores. Na eleição nacional passada, quando nem sequer lançou candidatura própria para a Presidência, foram apenas 13 deputados federais, três governadores e nenhum senador. Além disso, 2024 foi a pior eleição municipal na história do PSDB.

O Podemos, em nota, afirmou ter recebido com entusiasmo a decisão do PSDB.

“O Podemos reafirma seu compromisso com a construção dessa convergência. Acreditamos que a soma de forças entre nossas siglas representa não apenas o crescimento de nossas estruturas, mas, principalmente, a união de propósitos e valores que colocam o interesse público acima de disputas ideológicas e extremismos”, disse a nota, assinada pela presidente do partido, Renata Abreu.