BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nesta segunda-feira (28) que se reuniu com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, durante a viagem que fez a Roma para o funeral do papa Francisco. O encontro não constava da agenda oficial do presidente.
Os dois se reuniram na sexta-feira (25), segundo publicação de Lula nas redes sociais, na qual o ativista é elogiado. “Ele é um exemplo para todos que atuam em defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos”, escreveu o presidente.
Ainda de acordo com a publicação, Lula afirmou que ambos conversaram sobre o engajamento do papa Francisco em favor da liberdade de expressão e da defesa da democracia. “Foi a partir da audiência concedida pelo papa à esposa e aos filhos de Assange, em 2023, que a campanha pela libertação do jornalista ganhou novo ímpeto.”
Assange entrou na mira da Justiça americana após promover o vazamento de documentos confidenciais do governo dos EUA, em 2010.
No meio do ano passado, Assange se declarou culpado por violar a lei de espionagem dos EUA. Em troca, o australiano será formalmente um homem livre depois de ter deixado a prisão no Reino Unido.
O acordo com o governo americano encerrou uma batalha legal de 14 anos. “Fiquei muito feliz em constatar que Assange está bem de saúde e está reconstruindo a sua vida familiar e profissional”, escreveu Lula nesta segunda.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou centenas de documentos militares secretos dos Estados Unidos sobre as guerras de Washington no Afeganistão e no Iraque -as maiores violações de segurança desse tipo na história militar americana. Assange foi acusado anos depois sob a Lei de Espionagem.
Ele foi preso no Reino Unido, em 2010, por um mandado europeu após acusações de crimes sexuais na Suécia, que foram retiradas. Refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres por sete anos para evitar extradição. Em 2019, foi removido da representação diplomática e levado para a prisão de Belmarsh por violação de fiança.
Quando foi libertado, no ano passado, Lula comemorou a decisão. “Hoje o mundo está um pouco melhor e menos injusto. Assange está livre após 1.901 dias na prisão. Sua libertação e retorno para casa, embora tardios, representam uma vitória para a democracia e a luta pela liberdade de imprensa”, disse na ocasião.
Assange quebrou o silêncio pela primeira vez desde sua saída da prisão em outubro do ano passado. Ele falou perante uma comissão do Conselho da Europa em Estrasburgo, no nordeste da França, que examina as condições e o impacto de sua detenção.
“Não estou livre hoje porque o sistema funcionou, mas sim porque, após anos de encarceramento, declarei-me culpado de ter feito jornalismo”, disse Assange, que passou os últimos 14 anos recluso entre a Embaixada do Equador em Londres e a prisão britânica. “Escolhi a liberdade em vez de uma justiça irrealizável.”