BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnik, reuniu-se com o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta segunda-feira (28) e sugeriu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visite a capital ucraniana, Kiev, antes do encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Sem confirmar datas, o embaixador destacou que os líderes brasileiros serão bem-vindos a qualquer momento no país. Para ele, uma visita à Ucrânia faria sentido para reforçar argumentos de Lula no encontro com o líder russo, que está marcado para de 8 a 10 de maio.
“Talvez agora nas próximas semanas, porque nós sabemos que haverá uma visita a Moscou. Por que não visitar a Ucrânia e Kiev antes disso, para falar com o presidente [Volodimir Zelenski], conhecer as pessoas, ver a destruição, para sentir esse ar terrível da guerra pessoalmente? Assim, o presidente Lula terá outro sentimento e argumento moral quando for encontrar Putin”, declarou Melnik.
Ele agradeceu o apoio brasileiro para o fim do conflito e reforçou o convite para que Lula e Alckmin usem “essa chance histórica de visitar a Ucrânia assim que possível”.
Rússia e Ucrânia estão em guerra desde fevereiro de 2022. A posição tradicional do governo brasileiro têm sido a de apoio ao cessar-fogo. Lula chegou a se manifestar para que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dialogasse com Zelesnki e criticou a forma como o americano lidou com o líder da Ucrânia na Casa Branca, em fevereiro.
O governo brasileiro foi criticado em diversos momentos, por adotar uma postura vista por EUA e União Europeia como favorável a Moscou. Lula argumenta que o Brasil desde o início criticou a invasão territorial russa, mas já chegou a sugerir que fosse feito um referendo nas áreas invadidas por Moscou para que fosse tomada uma decisão sobre o domínio do território o próprio Putin fez uma consulta pública nesse sentido, amplamente denunciada pela comunidade internacional como uma fraude.
Por outro lado, a posição brasileira vem sendo de tentar facilitar a negociação de paz, colocando numa mesma mesa os lados envolvidos. Zelenski tradicionalmente se nega a fazer qualquer concessão territorial ou a negociar acordos que não envolvam a retirada das tropas de territórios invadidos. Ele tinha apoio dos EUA e da maior parte dos líderes europeus para isso, mas o discurso americano mudou sob Trump, que disse considerar a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, já como parte do território russo, por exemplo.