No túmulo recém-aberto do papa Francisco, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, repousa uma rosa branca — discreta, mas carregada de significado. A mesma flor acompanhou o cortejo fúnebre do pontífice, recebido com honra e emoção por migrantes, pessoas trans, moradores de rua e prisioneiros que simbolizaram as causas mais caras ao seu pontificado.
A escolha da flor não foi aleatória. Desde seus tempos como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio cultivava uma devoção profunda à Santa Teresinha do Menino Jesus, também conhecida como Santa Teresa de Lisieux. Conforme relatos da Vatican News, a rosa branca era para Francisco um sinal da intercessão da santa em momentos de dificuldade.
Em entrevistas dadas ainda antes de assumir o papado, Francisco revelou que sempre pedia a ajuda de Santa Teresinha — não esperando milagres, mas pedindo forças para aceitar os desafios. O surgimento inesperado de uma rosa branca, para ele, era a confirmação de que sua oração havia sido ouvida. Em sua biblioteca em Buenos Aires, os jornalistas Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti testemunharam essa devoção: sobre uma estante, um vaso repleto de rosas brancas diante de uma imagem da santa.
Essa ligação espiritual permaneceu viva até seus últimos dias. Após sua última internação, Francisco recebeu uma rosa branca vinda diretamente de Lisieux, cidade natal da santa que tanto venerava. Em outros momentos marcantes, como a vigília de oração pela Síria no início de seu pontificado, uma rosa branca surgia — como a que lhe foi entregue por um jardineiro do Vaticano.
Neste domingo (27/4), no segundo dia dos nove de luto oficial, fiéis puderam visitar o túmulo do papa. Em breve, a Igreja iniciará o conclave que escolherá seu sucessor, embora a data exata ainda não tenha sido confirmada — a expectativa é que o processo comece até 10 de maio.
Francisco faleceu no dia 21 de abril, um dia após o domingo de Páscoa, em decorrência de um AVC. Seu funeral, realizado no último sábado (26), reuniu cerca de 400 mil pessoas entre a Praça de São Pedro e o trajeto percorrido pelo cortejo.
A rosa branca sobre sua sepultura é, agora, não apenas um gesto de devoção pessoal, mas também um símbolo eterno de sua fé, esperança e amor pelos mais humildes.