SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Governo quer se blindar contra enxurrada de produtos chineses que podem entrar no país, uma atualização sobre a fraude no INSS e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (28).

**ERGUENDO AS FORTALEZAS**

Em tempos de incerteza, todo mundo quer se proteger. O governo brasileiro não vai –ou, ao menos, não quer– dormir no ponto.

Ele estuda medidas para proteger o mercado brasileiro de uma possível enxurrada de produtos chineses que podem bater na nossa porta.

COMO ASSIM?

As barreiras tarifárias impostas por Donald Trump ainda não pararam de repercutir. Ainda que reduzidas em boa parte do globo a 10% –inclusive para o Brasil– elas continuam batendo os 145% para os chineses.

Neste cenário, é provável que as importações do país asiático que iam para os EUA –que são muitas– sejam redirecionadas. O Brasil está na lista de destinos para o excedente.

É isso que o governo quer evitar. O Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) estuda a adoção de mecanismos emergenciais de proteção comercial da indústria brasileira. A ideia não é nova, mas o tarifaço acelerou o processo.

O QUE JÁ EXISTE?

Algumas medidas chamadas “antidumping”, que tentam regular o comércio entre países, de forma que suas indústrias não sejam muito prejudicadas.

Entre elas, tarifas e cotas para a importação de determinados produtos. A maioria das normas desse tipo impostas pelo Brasil limitam o comércio com a China.

O problema é que estas medidas demoram algum tempo para entrar em vigor. Entre o momento em que o mercado pede ajuda pública até a limitação da importação, há vários passos para verificar a real necessidade do controle. O que o Planalto quer é facilitar e encurtar esse caminho.

À FLOR DA PELE

No ano passado, o Departamento de Defesa Comercial (Decom), do Mdic, recebeu 106 petições de adoção de medidas de proteção, aumento de 140% em relação a 2023, segundo os dados mais recentes da pasta. Em 2025, até agora, foram 17 petições, a maior parte de antidumping.

Atualmente, o Decom possui 73 investigações em curso, 34 delas envolvendo a China. Os setores com maior número de investigações são metais (11 casos), têxteis (cinco casos) e plásticos e químicos (quatro casos cada).

**ATUALIZANDO**

Uma investigação da PF (Polícia Federal) e da CGU (Controladoria-Geral da União) deflagrou um esquema de fraudes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que filiava beneficiários a associações e descontava valores indevidos das remunerações.

CARLOS LUPI CIENTE

O ministro da Previdência deve ter ouvido alguém lhe dizer a temida frase: “eu avisei”. Isso porque o chefe da pasta foi avisado do esquema em 2023, segundo uma ata de reunião datada de junho daquele ano.

Na época, a denúncia foi trazida por Tonia Galleti, representante do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), que pedia um levantamento das entidades que tinham acordos com o INSS e uma proposta de regulamentação sobre o assunto.

Lupi respondeu que a solicitação do sindicato era relevante, mas que não haveria condições de fazê-la de imediato, “visto que seria necessário realizar um levantamento mais preciso”.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro disse que tomou diversas medidas contra fraudes em descontos de benefícios de pensão e aposentadoria.

“Há muita safadeza”, afirmou, mas defendeu que o governo não foi omisso diante do caso. “A prova de que eu não fui omisso é que eu demiti o diretor.”

Ele referencia a demissão de Alessandro Stefanutto, agora ex-presidente do INSS.

HOJE NÃO

Este mesmo ex-gestor pediu à PF, em outubro do ano passado, informações a respeito de investigações sobre descontos irregulares de beneficiários do órgão. A Polícia negou a solicitação.

No ofício enviado por Stefanutto em 7 de outubro de 2024 ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o então presidente do INSS afirmou que o instituto precisava daqueles dados para tomar providências contra as irregularidades relatadas na imprensa.

Na resposta, enviada pela PF cerca de cinco meses depois, o órgão afirmou que, pelo fato das investigações citadas na reportagem terem sido conduzidas por outros órgãos, não poderia prestar tais informações.

**SEM GRANA PARA O AMBIENTE**

Os fundos de investimento ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) têm fuga recorde de capital, enquanto tensões globais se acirram e o investimento em melhorias sociais e ambientais cai para o segundo plano.

EM NÚMEROS

– Os europeus venderam US$ 1,2 bilhão (R$ 6,8 bilhões), segundo dados da Morningstar;

– Os asiáticos, US$ 8,6 bilhões (R$ 48,8 bilhões).

O QUÊ?

A sigla ESG surgiu para descrever um movimento de mudança de consciência no mundo corporativo. A ideia é criar iniciativas dentro das empresas para melhorar a relação delas com a sociedade e o meio-ambiente e incentivar a transparência nas operações.

A ascensão desse tipo de pensamento veio acompanhado do incentivo a programas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão).

Existem alguns fundos de investimento voltados a esse tipo de iniciativa. A maioria só contém papéis de empresas com selos e certificações verdes e de diversidade, ou são conhecidas por práticas desse tipo.

UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

A mentalidade global mudou, caso você não tenha reparado. As relações internacionais se tensionaram e, nestes momentos, é comum que os países e companhias se voltem para os próprios interesses, em detrimento de iniciativas sociais. O tal do “salve-se quem puder”.

O ESG tem sido criticado por muitos na direita política, que argumentam que ele prioriza agendas sociais e políticas controversas em detrimento dos retornos financeiros, introduzindo uma forma de “capitalismo consciente”.

Vamos a alguns motivos que estão levando à fuga de capital das agendas progressistas.

Nos EUA…Trump quer um giro de 180º no que diz respeito a políticas sociais. Ele retirou incentivos a várias delas, entre elas, incentivos à energia limpa e à equidade racial e de gênero.

Sem endosso e popularidade, as empresas têm o negócio em baixa estima. Ainda, com as tarifas implantadas pelo presidente americano, estão preocupadas em otimizar custos –sem cascalho para gastar em nada que não gere lucro imediato.

Na Europa…tanto o tarifaço quanto a briga entre a Rússia e Ucrânia tiram o sono dos governantes e investidores. Por lá, também contam as moedas e procuram não gastar com o que consideram que não é rentável. Um bom dinheiro está sendo redirecionado para a defesa.

**RECICLAGEM SOB DEMANDA**

O condicionamento clássico surgiu no início do século XX, sob a batuta do fisiologista russo Ivan Pavlov. Ele tocava um sino e dava um petisco para os cachorros que estudava no experimento. Depois de repetir a rotina muitas vezes, percebeu que os cães salivavam ao ouvir o sinal –mesmo sem ver a recompensa. Nós, humanos, somos um pouco assim.

Os sul coreanos usaram esse comportamento a favor do meio-ambiente. Se você tivesse que pagar toda vez que desperdiça comida, não ficaria condicionado a fazer o máximo para não gastar?

EXPLICANDO

Em 1995, o governo da Coreia do Sul estabeleceu sistema que cobrava por volume de resíduo gerado, sem separar restos de alimentos de lixos em geral.

Em 2005, o descarte de restos de comida em aterros foi proibido por lei. E em 2013 foi implementado o atual sistema de Weight Based Food Waste Fee, ou cobrança por peso dos restos de comida, na tradução livre para o português.

O sistema continua evoluindo à medida que a tecnologia avança, mas se baseia em um princípio básico: você tem que pagar cada vez que joga fora seus restos de comida.

QUANTO CUSTA?

No caso das residências, as multas podem superar US$ 70 (R$ 400), a depender da frequência da infração.

Já para empresas, as multas podem superar 10 milhões de wons sul-coreanos, que equivalem a mais de US$ 7 mil (R$ 41 mil).

DEU CERTO?

Muito. Nós avisamos que os seres humanos respondem a estímulos.

A Coreia do Sul processa cerca de 4,56 milhões de toneladas de restos de alimentos por ano (vindo de casas, restaurantes e comércios menores). Dessa quantidade, 4,44 milhões de toneladas são recicladas. Isso representa cerca de 97,5% dos resíduos de comida.

As informações são de Jae-Cheol Jang, professor no Instituto de Agricultura da Universidade Nacional de Gyeongsang.

COMPARANDO

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Agência Ambiental americana estima que, das 66 milhões de toneladas de resíduos de comida gerados em 2019 por restaurantes, casas e supermercados, cerca de 60% foram parar em aterros sanitários.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

AGRO É SHOW (?)

Com o café valendo ouro e a laranja indo pelo mesmo caminho, os produtores esperam lucrar bastante.

CHAMOU PARA O RINGUE

Os Brics vão comprar a briga e defender a OMC diante do tarifaço de Trump.

BEM-VINDA DE VOLTA

A Justiça anulou a demissão de uma bancária que postou foto praticando crossfit quando estava em licença médica.

DE OLHO

O novo-velho projeto do túnel que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá é avaliado por empreiteiras de Holanda, China e Portugal.