RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O açude Orós, segundo maior reservatório de água do Ceará, atingiu 100% de sua capacidade e voltou a encher na noite deste sábado (26), após 14 anos. O fenômeno, registrado por volta das 21h30, foi confirmado oficialmente na manhã deste domingo (27) pelo Portal Hidrológico do Ceará e celebrado com festa pela população local.
Localizado a cerca de 450 quilômetros de Fortaleza, o açude banha os municípios de Orós, Quixelô e a zona rural de Iguatu. Com capacidade para armazenar até 1,94 bilhão de m³ de água, ele foi construído em 1962 e é considerado um marco histórico para o abastecimento do estado.
Desde a última sangria, ocorrida em abril de 2011, o reservatório não voltava a atingir o volume máximo. No Nordeste, o termo “sangrar” é usado nesse contexto para descrever o momento em que a água excedente de um açude começa a verter pela parede da barragem, sinalizando que o reservatório atingiu o volume máximo.
O início da sangria deste ano foi anunciado pela Prefeitura de Orós nas redes sociais e acompanhado de uma programação festiva, com música, feira local e a presença de centenas de moradores às margens do açude.
O fenômeno é resultado das chuvas intensas que caíram sobre a região principalmente nos meses de março e abril. No início de 2025, o volume do açude estava em 58,6%. O avanço gradual foi registrado mês a mês: em fevereiro, o volume era de 59,12%; em março, 60,47%; e em abril, saltou para 76,40%, impulsionado pelas precipitações.
A sangria do Orós é considerada um evento histórico não apenas pelo simbolismo da barragem cheia, mas pela importância que o reservatório tem para a segurança hídrica da região. Segundo a Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos), o açude é fundamental para a perenização do rio Jaguaribe, irrigação de áreas agrícolas, desenvolvimento da piscicultura, turismo local e abastecimento de cerca de 70 mil pessoas.
Até 2002, quando foi inaugurado o açude Castanhão o maior do Ceará, com capacidade para 6,7 bilhões de m³, o Orós ocupava o posto de maior reservatório do estado. Ele segue, no entanto, como um dos principais símbolos da convivência com a seca no Nordeste e da capacidade de armazenamento construída para garantir a sobrevivência em períodos de estiagem.