SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ex-CEO da Hurb, João Ricardo Mendes, de 44 anos, foi preso na sexta-feira (26) por suspeita de furto de obras de arte de hotel e shopping na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em mais um episódio polêmico envolvendo Mendes.

João Ricardo Mendes começou a empreender aos 18 anos. Ele abriu uma barraca de bebidas na Praia do Pepê, no Rio de Janeiro. Logo depois, fez um intercâmbio para Londres, onde estudou inglês e se conectou com profissionais do mercado financeiro.

De volta ao Brasil, Mendes abriu um e-commerce chamado Apetrexo. Dessa vez, o negócio foi aberto com o irmão, José Eduardo Mendes, e funcionou entre 2006 e 2011. Segundo a revista Exame, a plataforma nunca gerou lucro.

Em 2011, fundou o Hotel Urbano, que viraria o Hurb. Inspirado pelo site Peixe Urbano, o empresário e seu irmão fundaram a empresa, buscando vender pacotes de viagens, em meio à febre brasileira das compras coletivas.

Durante a pandemia, no entanto, a empresa de João entrou em uma crise. No auge da covid-19, a empresa vendeu pacotes abaixo do valor de mercado, mas, pós-pandemia, Mendes quis continuar com essa política, tendo dificuldade para cumprir com os contratos firmados.

O salário anual de João Ricardo Mendes enquanto CEO da Hurb podia variar entre R$ 1.170.545,56 e R$ 1.430.545,56. A informação é do próprio site da empresa, na página chamada “Transparência”.

Em 2023, João Ricardo Mendes foi pego fazendo ameaças e xingando clientes em grupos de WhatsApp. Em um grupo de reclamações sobre a plataforma, o ex-CEO chamou um cliente de “retardado” e “bundão”, além de ameaçá-lo e vazar seus dados, dizendo “para quem quiser passar trote”.

No ano passado, ele esteve envolvido em uma investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O empresário foi denunciado por um ex-funcionário da Hurb, que o acusou de ameaça de violência física, injúria racial, humilhação e calúnia.

Empresário teve recente atrito com Luana Piovani. Um vídeo de três anos atrás, que veio à tona em fevereiro deste ano, mostrou Mendes correndo atrás de Bem, filho de Piovani, com um lança-chamas, em uma visita que fez ao pai do menino, Pedro Scooby. A atriz disse ter ficado “estarrecida” com a situação.

Ainda comanda a Hurb

No começo de 2025, a Hurb demitiu mais de 200 funcionários. Apesar do afastamento do cargo, ele ainda segue como principal acionista e responsável legal pela empresa, e foi responsável pela decisão da demissão em massa, justificando que seria necessário para implementar uma “estratégia de negócios mais enxuta e eficiente”.

Mais cedo nesse ano, o ex-CEO acusou a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) de prejudicar a empresa. De acordo com ele, a secretaria demorou para assinar um documento e, por isso, “o Hurb teve que demitir de 500 a 600 pessoas”, segundo vídeo do próprio Mendes.

Após descumprir contratos com consumidores, a empresa foi chamada a prestar esclarecimentos à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), órgão do Ministério da Justiça. O processo administrativo aberto para apurar se houve desrespeito aos direitos do consumidor pode culminar em multas de até R$ 13 milhões e suspensão das atividades.

Site da Hurb foi congelado e perdeu autorização para atuar no setor de turismo. A decisão veio do Ministério do Turismo, publicada no Diário Oficial da União em 14 de abril deste ano.

Desde a suspensão das atividades, o perfil do Instagram da Hurb vem publicando posts enigmáticos, que fogem totalmente do escopo de trabalho da empresa. Além disso, os comentários foram desativados.

Relembre o caso

João Ricardo está sendo investigado por dois furtos de obras de arte. Imagens de câmeras de segurança mostram o executivo levando as peças de um hotel de luxo e de um escritório de arquitetura, que ficam em um shopping, ambos na Barra da Tijuca.

Após analisar as imagens, a polícia foi até a casa do executivo, uma cobertura em um condomínio de luxo no mesmo bairro. Segundo os agentes, ele tentou fugir, mas acabou detido.

Três esculturas de cerâmica e um quadro furtados estavam na casa. Outro quadro levado do escritório não foi recuperado. As obras encontradas foram devolvidas aos donos. Juntas, as peças levadas são avaliadas em R$ 28 mil.

João Ricardo usou uma motocicleta na ação. O veículo foi apreendido pela polícia.

O suspeito foi autuado em flagrante por furto. Ele foi transferido para a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, onde passará por uma audiência de custódia.

*Com informações de reportagens publicadas em 29/04/2023, 25/04/2023 e 25/03/2025