RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Medalhista de ouro nos 50m peito no Troféu Maria Lenk, João Gomes Júnior vive rotina dividida entre a natação e os compromissos como secretário de Esportes de Limeira, cidade de São Paulo.

Aos 39 anos, João conta que a vida “mudou do nada”, atualmente usa a natação como uma espécie de válvula de escape e não se vê mais como um atleta de alto rendimento.

“O que eu estou fazendo é um ‘destreino’ que todo atleta precisa fazer… Mudei, do nada, a minha vida de atleta para hoje estar secretário. Pode ser que daqui a três meses caia um pouco mais o meu rendimento, mas é isso. Estou surfando o finalzinho da onda. Amanhã, às 6h, caio na água e faço minha natação de 50 minutos, que é o que dá para fazer”, disse João Gomes Jr.

Com o tempo de 27s23, ele garantiu o índice para o Mundial de Singapura, que será realizado entre 11 de julho e 3 de agosto.

“Montei um protocolo de treinamento pra cá e estou fazendo o que dá pra fazer. Já diminuí bastante a minha carga de treinamento. Hoje, não me considero mais um atleta de alto rendimento. Eu estou descendo, fazendo isso em dose homeopática. Por isso que eu fiz questão de tentar vir competir. Talvez, até o final do ano… Eu não sei o dia de amanhã.”

João foi anunciado como secretário de Esporte no início de março. Ele assumiu o cargo no lugar de Júlio Florindo, que ocupava a função de forma interina e é funcionário efetivo da secretaria.

“Não caiu a ficha ainda, mas diminuí o meu volume. Não vivo mais só do esporte. Aos poucos, vou tirando um pouco esse peso, e já tirei bastante. Vim pra cá, logicamente, querendo ganhar, fazer índice, mas leve, sabendo que, se não acontecesse, tudo bem porque eu trabalhei o que dava. Eu não esperava, do nada, estar secretário de esportes e, quando abracei a causa, falei: ‘agora, vou virar a chave, mas eu quero continuar treinando’. É bom para manter um pouco da sanidade mental, para poder alinhar os meus pensamentos.”

O QUE MAIS ELE FALOU?

Experiência na prova. “Nessa prova, eu já nadei mais de mil vezes. [Fiz] Tempo bom, tempo ruim, tempo de índice, tempo de medalha. Tempo de top 10, top 1 do mundo… Então, tenho total controle de saber toda a metragem da prova e todas as sensações de momentos bons e momentos ruins. Já nadei várias vezes a prova e entendo um pouquinho do caminho. Sabia qual que seria o meu limite. Lógico que eu não ia ter uma performance com meus melhores tempos, vim para me divertir e buscar o índice, mesmo sabendo que talvez eu não possa ir, porque demanda uma seriedade de treinamento e empenho totalmente diferente do que venho fazendo. Se o meu prefeito [Murilo Félix] decidir deixar eu ir, vou tentar me empenhar ao máximo, mas estou bem tranquilo se não for também.

Ouro nos 50m mesmo com rotina dividida. “É vontade, determinação que eu tenho desde sempre. Tudo que eu empenho a fazer, eu tento colocar o máximo de energia possível. Às vezes me cansa essa dispersão de energia, mas eu tento me empenhar o máximo possível em tudo que eu faço”.

Futuro. “Sou formado em TI, em sistema de informação, acho que quero estar um pouco mais nessa parte de gestão, de construção do que é o esporte, de poder promover esporte”.