SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente americano, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (24) que houve uma reunião entre os Estados Unidos e a China durante a manhã. O suposto encontro ocorre na sequência de falas mais brandas do governo americano sobre a guerra tarifária.

Na quarta-feira (23), Trump já havia falado que havia a possibilidade de um acordo comercial “justo” com a China e que “tudo está ativo” nas negociações envolvendo os países. Ele disse a jornalistas que seu país obterá um “acordo justo com a China”. Perguntado se tem mantido conversações com Pequim, o presidente republicano respondeu que “tudo está ativo”.

Nesta quinta, entretanto, dois ministérios chineses negaram que Pequim esteja em negociações com Washington sobre tarifas.

“São informações falsas”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, em reação a uma pergunta sobre as “constantes notícias do lado americano” sobre negociações e até sobre acordo já fechado. “China e Estados Unidos não se consultaram nem negociaram sobre a questão tarifária, menos ainda alcançaram um acordo”.

Nesta semana, Trump já havia declarado que “não jogaria duro” com a China nas eventuais negociações e que reduziria “substancialmente” as tarifas.

O mesmo foi dito por Scott Bessent, secretário do Tesouro americano, que avaliou que as taxas adotadas pelos dois países devem diminuir como pré-requisito para qualquer negociação. “Não acho que nenhuma das partes considere sustentáveis os níveis tarifários atuais, portanto não me surpreenderia que fossem reduzidos de forma mútua”, afirmou.

“Isto equivale a um embargo, e uma ruptura comercial entre os dois países não beneficia ninguém”, disse Bessent.

Ele insistiu em que “é possível uma desescalada de ambas as partes”, mas não deu uma data, nem um prazo para os diálogos bilaterais.

A fala reforça comentários de Bessent em uma conferência do JPMorgan na terça-feira (22), onde alertou que a guerra comercial EUA-China “é insustentável”.

Quando perguntado se os EUA fariam uma oferta unilateral para desescalar as tensões comerciais com a China, Bessent respondeu: “De modo algum”.

Nesta quarta, o jornal The Wall Street Journal informou que Trump estava considerando cortar unilateralmente as tarifas sobre a China.

Citando autoridade anônima, o jornal publicou que o presidente avalia reduzir para de 50% a 60% as tarifas sobre produtos chineses, no momento em pelo menos 145%.

O Financial Times também publicou que Trump planeja poupar montadoras de parte das tarifas sobre peças importadas da China.

As tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo dispararam após o aumento das tarifas às importações procedentes da China este ano, com 145% adicionais sobre muitos produtos devido a práticas que Washington considera injustas, entre outros problemas.

Pequim, por sua vez, reagiu com novas tarifas alfandegárias de 125% sobre os produtos americanos.

Donald Trump impôs tarifas alfandegárias a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos no começo de abril, particularmente da Europa e da Ásia, provocando uma tempestade nos mercados mundiais.

Uma semana depois, reduziu-as para o mínimo universal de 10%, exceto para a China.

Também seguem vigentes as tarifas ao aço, ao alumínio e aos automóveis. O presidente republicano avalia isenções para peças soltas a fim de atenuar a pressão tarifária sobre os fabricantes americanos.