PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – Em reação às declarações do presidente americano, Donald Trump, e de seu secretário do Tesouro, acenando com redução das tarifas contra produtos chineses, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, afirmou nesta quarta, em Pequim: “Nós vamos lutar, se precisarmos. Nossas portas estão abertas, se os Estados Unidos quiserem conversar”.
Essa foi a versão divulgada pelo órgão e pela agência oficial chinesa, Xinhua. Segundo o Global Times, jornal que levantou a pergunta, ligado ao Partido Comunista da China, Guo falou em “portas escancaradas”.
O porta-voz insistiu que “a posição da China sobre a guerra tarifária iniciada pelos EUA é clara: não queremos uma guerra comercial, mas não temos medo”. Segundo ele, “dizer que quer um acordo comercial com a China enquanto mantém pressão máxima não é a maneira certa de lidar com a China e simplesmente não vai funcionar”.
Trump havia declarado que “não jogaria duro” com a China e que reduziria “substancialmente” as tarifas. Já o secretário Scott Bessent teria descrito a situação como essencialmente um embargo, após a escalada tarifária, e que se dissociar da China não era o objetivo.
Nesta quarta, o jornal The Wall Street Journal publicou que o presidente americano avalia reduzir para 50% a 60% as tarifas sobre produtos chineses. E que Bessent falou publicamente que quer ajudar a China a mudar seu modelo econômico para se concentrar mais em consumo interno, em vez de exportações.
Por outro lado, o líder chinês, Xi Jinping, durante encontro nesta quarta com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, afirmou que as tarifas “minam os direitos e interesses legítimos de todos os países, prejudicam o sistema comercial multilateral e impactam a ordem econômica mundial”.
Em entrevista ao Financial Times, o assessor especial de Lula, Celso Amorim, afirmou que, “à medida que os Estados Unidos se afastam do multilateralismo, da ordem econômica e social que eles próprios criaram após a Segunda Guerra Mundial, o espaço para o Brics aumenta”. Segundo ele, “a China e os países em desenvolvimento são hoje os principais defensores do sistema multilateral”.