SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A maioria das principais Bolsas pelo mundo estão em alta nesta quarta-feira (23) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuar de suas ameaças de demitir o presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, e aumentou as expectativas de um acordo comercial com a China.

Nos EUA, os futuros das três Bolsas de Wall Street dispararam mais de 2% antes da abertura do mercado, mesmo patamar em que estão os índices na Europa e que fecharam as ações da Ásia.

O futuro do S&P 500 subia 2,37%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq tinha alta de 2,77%, e o do Dow Jones avançava 1,83%.

As ações de big techs subiam amplamente com destaque para a Tesla, que disparava 6,3%. A Apple tinha alta de 3% e a Nvidia ganhava 4,8%. A Alphabet, que divulgará seus resultados trimestrais na quinta-feira, avançava 2,2%.

Os papeis da Tesla foram impactados pelo anúncio do dono da montadora, Elon Musk, que anunciou que diminuirá a sua participação no governo Trump para se concentrar na administração de suas empresas. A afirmação ocorreu após a divulgação do balanço nessa terça-feira (22), que exibiu uma queda de 71% no lucro do primeiro trimestre.

Na Europa, o STOXX 600, referência do continente, estava em alta de 2,35%, às 8h40 (horário de Brasília). As outras Bolsas apresentavam resultados semelhantes em Frankfurt (2,43%), Paris (2,09%), Londres (1,3%) e Madri (1,02%).

Já na Ásia, o melhor resultado ocorreu em Taiwan, com uma valorização de 4,5%. Em Hong Kong, o mercado fechou em alta de 2,37% no índice Hang Seng, que atingiu seu maior patamar desde 3 de abril. A Bolsa de Tóquio saltou 1,89% e da Seul avançou 1,57%.

As Bolsas da China oscilaram com o índice CSI300, que reúne as principais companhias de Xangai e Shenzhen, em alta de 0,08%, e o índice SSEC, de Xangai, caindo 0,1%.

Os resultados refletiram o otimismo dos investidores com as declarações de Trump na terça-feira que não tem “nenhuma intenção” de demitir Powell, recuando em seus comentários de que sua saída não poderia “demorar mais”, após fortes críticas nos últimos dias.

As expectativas de negociações comerciais entre os EUA e a China, que estão envolvidos em uma guerra tarifária, também ajudavam a elevar a confiança depois que Trump expressou otimismo de que um acordo comercial com o país poderia reduzir “substancialmente” as tarifas sobre os produtos chineses.

Os mercados receberam bem a mudança de tom de Trump, com os futuros saltando na terça-feira e se recuperando depois que os ataques a Powell abalaram os investidores e provocaram perdas acentuadas nos ativos dos EUA, incluindo ações e o dólar, no início da semana.

Embora Trump tenha recuado em sua declaração sobre demitir Powell, ele reiterou que deseja que o Fed seja mais ativo na redução da taxa de juros.

Powell disse na semana passada que o banco central norte-americano será cauteloso, dada a falta de clareza sobre como as mudanças radicais nas regras comerciais dos EUA afetarão o crescimento e a inflação.

Os mercados aumentaram as apostas de que o Fed manterá os juros inalterados em sua próxima reunião, vendo uma chance de 93% de nenhuma mudança, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

No entanto, as ações da China oscilaram pouco, já que os investidores permaneceram cautelosos com os desenvolvimentos tarifários em rápida mudança e com a enorme incerteza em torno das perspectivas das relações comerciais bilaterais com os EUA.

“Acreditamos que é improvável que qualquer acordo entre a China e os EUA que resulte em tarifas mais baixas aconteça em breve”, disseram economistas do Commerzbank em uma nota.

“No curto prazo, será difícil para as empresas norte-americanas encontrarem substitutos para os insumos intermediários chineses. Entretanto, as cadeias de suprimentos provavelmente se ajustarão até certo ponto ao longo do tempo.”