SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Por que o ouro está mais caro do nunca, Galípolo fala sobre o que o povo queria ouvir e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (23).

**OURO VALE MAIS QUE… OURO?**

Não é hora de pedir a ninguém em casamento. O ouro está mais caro do que nunca e suas alianças, por consequência, também custarão muito mais. Vamos deixar as celebrações para um momento em que Donald Trump esteja menos entusiasmado com a empreitada tarifária.

A cotação do ouro registrou ontem recorde de US$ 3.500,10 (R$ 20 mil) por onça.

“Onça” é a unidade de medida mais usada para medir os valores do ouro. Ela equivale a 31,3 gramas.

POR QUÊ?

Os investidores procuram ativos que consideram seguros em momentos de incerteza. É o caso atual, com as constantes mudanças de humor do presidente americano.

Em geral, eles buscam ativos como o dólar, títulos do tesouro americano e o ouro. Como os dois primeiros estão ligados ao cerne do problema, os EUA, sobrou o terceiro para servir de abrigo.

“[Trump] aumentando a pressão sobre Powell para flexibilizar a política monetária está levantando preocupações sobre a independência do Fed, o que desencadeou uma fuga para ativos de refúgio”, disse Ewa Manthey, estrategista de commodities do banco holandês ING.

Para ajudar, a China reagiu (de novo) às retaliações da Casa Branca. Pequim reafirmou sua oposição a qualquer tratado comercial entre Washington e terceiros países que possam prejudicar a sua economia.

NO FIO DA NAVALHA

As críticas de Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell –que detalhamos na edição de segunda-feira– não caíram bem para o mercado financeiro, que amplificou as falas em um pregão de perdas no início da semana.

Anteontem, o presidente publicou em sua rede social, a Truth Social, que o líder da autarquia é um “grande perdedor” e bradou: “baixe as taxas, AGORA”.

TODO MUNDO QUER

O ouro acumula uma alta de 30% desde o início do ano. Os investidores injetaram pelo menos US$ 19 bilhões em fundos negociados em bolsa lastreados em ouro durante o primeiro trimestre, de acordo com o Standard Chartered.

O pregão de ontem foi um pouco mais tranquilo que o de segunda-feira, com a expectativa de que as tensões entre China e EUA diminuam um pouco. Ficou assim:

– O dólar caiu 1,36%, a R$ 5,737;

– O Ibovespa, maior índice da bolsa brasileira, subiu 0,63%;

– O S&P 500, referência do mercado americano, subiu 2,51%. Nasdaq Composite e Dow Jones também avançaram, 2,71% e 2,66%, respectivamente.

**A BOCA NO TROMBONE**

Demorou, mas falou. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, passou algum tempo sem comentar os assuntos que movimentaram as manchetes econômicas nas últimas semanas –esperou a poeira baixar.

Agora que nem todos os holofotes estão na autarquia, ele comentou assuntos como a compra do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília), a inflação dos alimentos e a situação do emprego no país. Vamos por partes.

DE OLHO NO CÂMBIO

O economista explicou a relação entre a depreciação do real e a inflação dos alimentos no país –e por que o BC está observando a questão no microscópio.

Uma depreciação cambial de 10% –ou seja, se o real perder 1/10 do seu valor frente ao dólar– aumenta a inflação dos alimentos em 1,4 ponto percentual. Caso os números não tenham feito sentido: é muito.

“Estamos falando de 60%, 70% da produção de commodities e alimentos no país com alguma correlação elevada com a taxa de câmbio”, disse na abertura de uma audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), do Senado.

Tudo tem a ver com a oferta doméstica dos produtos exportados, em sua maioria, agrícolas. Quando o dólar fica mais caro, as mercadorias brasileiras ficam mais baratas na importação. Quanto mais itens importados, menos para vender aqui, o que leva a um aumento dos preços.

BANCO MASTER

A interlocutores, o presidente do BC passou a impressão de que não vai culpar Roberto Campos Neto, seu antecessor na gestão, pela crise no Banco Master.

É um movimento contrário ao das lideranças do PT, incluindo Lula, e aliados do governo. Eles culpam Campos Neto por demorar em barrar as operações arriscadas com precatórios e CDBs com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) patrocinadas por Daniel Vorcaro.

“O Banco Central não julga, em qualquer processo de fusão e aquisição, a conveniência da venda ou da compra. […] Comprar ou vender qualquer tipo de ativo, integralmente ou parcialmente, é uma decisão de quem está comprando e de quem está vendendo”, disse.

A TODO VAPOR

Ele destacou que a economia brasileira tem mostrado sinais de “dinamismo excepcional” e “está bastante aquecida”.

Ainda, disse que o país está próximo do pleno emprego –quando a taxa de desemprego é tão baixa que a competitividade do mercado cai, deixando de gerar risco para a inflação.

**SENTIMENTO DE DONO AUSENTE**

Uma história mais antiga que a Tesla: já ouviu falar que quando o dono se afasta, os negócios vão mal? Pelo jeito, Elon Musk terá de voltar a bater ponto na sua fabricante de carros inteligentes.

A Tesla registrou queda de 71% no lucro líquido reportado no primeiro trimestre deste ano, à medida que as vendas dos veículos elétricos caíram. É claro, a ausência do chefão não é o único problema que a marca enfrenta.

O lucro líquido ajustado, que exclui algumas despesas, caiu 39%.

Elon Musk se afastou do comando…porque arrumou coisa melhor para fazer. Ele está à frente do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), criado por Donald Trump para cortar gastos de onde considera desnecessário.

Contudo, investidores pressionam-no a dar explicações sobre sua ausência da montadora. Ainda, querem saber o que ele vai fazer em relação ao dano que a sua aproximação de Trump e associação à extrema direita causaram às empresas que levam o nome dele.

Um possível aceno ao nazismo e falas polêmicas provocaram o afastamento de clientes de marcas de Musk, sobretudo em países europeus. Leia mais sobre isso nesta reportagem.

AOS NÚMEROS

– US$ 403 milhões (R$ 2,3 bilhões) é o lucro líquido reportado do primeiro trimestre. Ele caiu 71% em relação ao ano anterior, ficando abaixo das expectativas dos analistas;

– A receita caiu 9%, para US$ 19,3 bilhões (R$ 110,3 bilhões).

– 13% foi a queda das entregas nos primeiros três meses do ano em comparação com o anterior;

– Ela também perdeu a coroa de maior fabricante mundial de veículos elétricos para a BYD, chinesa que anda fazendo as montadoras no Brasil se arrepiarem.

Quem tem, tem medo? Depois do resultado pouco animador, Musk disse que vai “reduzir significativamente” seu trabalho como funcionário especial do governo dos EUA.

**PARA QUEM VAI O PRIMEIRO PEDAÇO?**

Os Estados Unidos querem fatiar o Google. Isso mesmo, cortar em vários pedaços que não farão parte de uma mesma empresa. Na verdade, não são somente os americanos que querem fazer isso –para muita gente, o império das buscas já deu o que tinha que dar.

Antitruste…é o nome do conjunto de medidas que pode ser aplicado a empresas como a Alphabet, controladora do buscador, e a Meta, dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp. O objetivo delas é desmantelar o domínio de poucas companhias sobre um mercado –neste caso, o das redes.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

O Departamento de Justiça dos EUA está processando o Google e quer que ele abra mão de alguns de seus mecanismos, de forma a não monopolizar os sistemas de busca na internet.

Na segunda-feira, o órgão argumentou que a empresa deveria ser forçada a se desfazer do navegador Chrome –além de outras mudanças em seus negócios– para atender a legislação nacional.

“Estamos aqui para restaurar a competição nesses mercados”, disse David Dahlquist, advogado do Departamento de Justiça, perante um juiz federal em Washington.

Dahlquist apresentou em tribunal medidas que, segundo ele, são necessárias para lidar com um “ciclo de práticas anticompetitivas que se retroalimenta” e que permitiu ao Google dominar o setor.

No final do ano passado, o governo americano pediu a um juíz do Tribunal Distrital dos EUA que forçasse o buscador a abrir mão do Chrome e proibisse a empresa de pagar a fabricantes de smartphones, como Apple e Samsung, para tornar a busca do Google padrão nos dispositivos.

RESULTADOS

Além de se desfazer do navegador, a big tech terá de compartilhar alguns dados técnicos com a concorrência. Se estas medidas não surtirem efeito em cinco anos, ela pode ser forçada a vender o sistema Android.

Já tem gente de olho…em comprar o Chrome. Se as autoridades conseguirem o que querem, a OpenAI, controladora do ChatGPT, está na fila para ser a nova dona do sistema.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

3.521%…é até onde pode chegar a tarifa que os EUA impuseram para equipamentos de energia solar de quatro países da Ásia.

Credibilidade em jogo. O fundador do Fórum de Davos, Klaus Schwab, é investigado por suspeitas de uso pessoal de recursos da fundação. Ele deixou o conselho do evento.

“Vai ficar roxo de vontade?”…disse Anitta, ao trocar o papel de garota propaganda do Nubank pelo de ícone do Mercado Pago.

Saiba a diferença…entre a declaração do Imposto de Renda simplificada ou com deduções legais.