SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, é investigado pela organização que ele mesmo criou, nos anos 1970, por suposta má conduta financeira e ética, segundo reportagem do jornal “The Wall Street Journal”.

Schwab, 87, anunciou no último fim de semana sua saída do conselho da organização.

“Após o recente anúncio, e ao entrar em meu 88º ano de vida, decidi deixar o cargo de presidente e de membro do conselho de administração, com efeito imediato”, disse Schwab em um comunicado divulgado pelo Fórum.

De acordo com o jornal americano, a saída está ligada à investigação que teve início a partir de uma carta anônima, enviada na semana passada ao conselho da instituição. O documento cita preocupações com a governança da organização e com casos de assédio sexual e comportamentos discriminatórios no local de trabalho.

Também inclui acusações de que Schwab usou recursos do órgão para despesas pessoais, com o saque de milhares de dólares em caixas eletrônicos por funcionários para pagar, por exemplo, massagens privadas em hotéis.

Outra alegação trata do uso da Villa Mundi, propriedade de luxo comprada pelo Fórum, para fins pessoais da família do executivo.

Hilde Schwab, esposa do fundador, é acusada de agendar supostas reuniões para justificar viagens de luxo às custas da organização.

Por meio de um porta-voz, a família nega todas as acusações e diz que pretende entrar com um processo contra quem estiver por trás da carta anônima. O fundador diz que o dinheiro das massagens em hotéis pagas com dinheiro da instituição foi reembolsado.

Segundo a reportagem, o conselho de administração do Fórum realizou uma reunião de emergência no domingo de Páscoa (20) e decidiu abrir a investigação, o que levou Schwab a renunciar imediatamente ao cargo.

Em comunicado ao jornal, o Fórum disse que a decisão de abrir a investigação foi tomada de forma unânime pelo colegiado, após consulta com assessoria jurídica externa. Afirmou ainda que leva o conteúdo da carta a sério, apesar de as acusações ainda não estarem comprovadas.

O conselho designou o vice-presidente, Peter Brabeck-Letmathe, como presidente interino.

Letmathe, 80, é também ex-presidente do conselho executivo e do conselho de administração da Nestlé. Um comitê foi montado para encontrar um novo presidente.

Segundo a imprensa europeia, Borge Brende, ex-ministro das Relações Exteriores da Noruega, que já atua como presidente do conselho diretor do Fórum, e Christine Lagarde, atual presidente do Banco Central Europeu, estão entre os nomes citados para a sucessão de Schwab.

Há algumas semanas, Schwab disse que deixaria o cargo, prevendo uma transição que seria concluída até janeiro de 2027.

A reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, que começou em 1971 como um encontro de gerentes, se transformou em cinco décadas em um palco mundial para líderes de diversas áreas, notadamente políticos e empresários. É considerado também um bastião da globalização, foco que tem lhe rendido críticas nos últimos anos.

No Brasil, a Fundação Schwab, entidade-irmã do Fórum Econômico Mundial, organiza em parceria com a Folha de S.Paulo o Prêmio Empreendedor Social, que neste ano celebra sua 21ª edição.