SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No centro de um escândalo sobre o compartilhamento de segredos militares dos Estados Unidos, o secretário de Defesa do governo, Pete Hegseth, voltou a negar, nesta terça (22), que tenha cometido irregularidades. Também criticou as pessoas que teriam vazado o caso à imprensa e ameaçou processá-las.

O chefe do Pentágono teria divulgado detalhes sobre bombardeios dos EUA contra alvos houthis, no Iêmen, em um grupo no aplicativo Signal que reunia familiares e um advogado. A informação foi publicada pelo jornal americano The New York Times, que mencionou quatro pessoas com conhecimento do assunto. Desde então, políticos democratas aumentaram a pressão para que Hegseth seja demitido.

“Uma vez vazador, sempre vazador”, disse Hegseth ao canal americano Fox News nesta terça, em sua primeira entrevista sobre o tema. “Não tenho tempo para vazadores. Não tenho tempo para a imprensa fraudulenta que vende histórias antigas de funcionários descontentes.”

Hegseth não negou a reportagem publicada pelo New York Times, mas disse não ter compartilhado nenhuma informação sigilosa. Sem apresentar provas, afirmou que o caso só veio à tona devido a má-fé de assessores do governo que foram afastados na semana passada durante uma investigação sobre vazamento de dados.

O secretário afirmou que a investigação conduzida pelo Pentágono ainda está em andamento, mas que havia “evidências suficientes para acreditar que eles [ex-assessores] ou outras pessoas próximas a eles estavam envolvidos” em irregularidades. Hegseth sugeriu que esses mesmos funcionários levaram o caso do aplicativo Signal à imprensa, como forma de retaliação, e afirmou que eles podem ser processados.

“Quando essas evidências forem reunidas de forma suficiente, elas serão entregues ao [Departamento de Justiça], e essas pessoas serão processadas, se necessário”, disse Hegseth.

De acordo com o jornal The Washington Post, três desses ex-funcionários manifestaram desapontamento com a forma como foram tratados e disseram que desconheciam o motivo de terem sido afastados. Um desses, Dan Caldwell negou na segunda-feira que tenha vazado qualquer informação à imprensa.

O caso envolvendo Hegseth é um desdobramento do escândalo revelado no mês passado pelo editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg. Ele contou ter tido acesso a segredos militares dos EUA depois de ser incluído por engano em um grupo, na mesma plataforma, que reunia várias autoridades americanas, entre elas o próprio Hegseth.

O caso levantou preocupações relacionadas à segurança das informações compartilhadas entre líderes do país. O texto de Goldberg ainda enumera questões inapropriadas deste sistema: do vazamento de informações à possível violação da lei federal de registros -uma vez que o perfil de um dos integrantes usou configurações que excluiriam mensagens após um dia ou uma semana, o que pode configurar apagamento de registros.

Trump tem manifestado apoio a Hegseth, ecoando a acusação de que “funcionários descontentes” são responsáveis por tentar prejudicar o governo. A Casa Branca continuou a defender Hegseth na terça-feira.