Da Redação

A toxina botulínica, mais conhecida como botox, virou sinônimo de juventude instantânea e é hoje um dos procedimentos estéticos mais realizados no mundo. Só no Brasil, mais de 433 mil aplicações foram registradas em 2022 para fins estéticos, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps). Mas por trás da fama de tratamento rápido e quase sem riscos, crescem os alertas sobre possíveis complicações.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizaram uma revisão de mais de 50 estudos científicos publicados entre 2017 e 2022 e chegaram a uma conclusão preocupante: a imagem do botox como um procedimento “leve” pode estar criando uma falsa sensação de segurança entre pacientes e até entre profissionais da área.

Coordenadora do estudo, a dermatologista Samira Yarak destaca que o uso crescente da substância, somado à falta de protocolos clínicos baseados em evidências robustas, está se tornando um problema de saúde pública. Segundo ela, muitos pacientes buscam o botox com a mesma despreocupação de quem vai cortar o cabelo, sem entender os cuidados e os riscos envolvidos.

Embora os efeitos colaterais mais comuns sejam leves e temporários — como vermelhidão, dor e pequenos hematomas — há registros de reações mais graves. Entre elas: queda da pálpebra, assimetrias no rosto, visão dupla, dificuldade para piscar, infecções, reações alérgicas e, em casos raros, até reações anafiláticas.

Esses problemas costumam estar associados à má prática profissional: uso de toxinas não regulamentadas, diluição inadequada ou aplicação feita por pessoas sem qualificação.

O estudo reforça a importância de buscar profissionais capacitados e locais com autorização da Anvisa, além de lembrar que, mesmo sendo um procedimento estético não cirúrgico, o botox exige responsabilidade e conhecimento técnico. Afinal, por trás do desejo de suavizar rugas, existe um procedimento que, se feito de forma inadequada, pode trazer consequências indesejadas e duradouras.