Da Redação
Começou nesta segunda-feira (21) um dos julgamentos mais relevantes da história do Google — e também um marco na era digital. A big tech é acusada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), com apoio de 38 estados americanos, de manter ilegalmente um monopólio no mercado de buscas online.
Caso seja condenada, a empresa pode ser obrigada a se desfazer de ativos estratégicos, como o navegador Chrome e, em um cenário mais drástico, até mesmo do sistema operacional Android. O processo, iniciado ainda em 2020 durante o governo Trump, será conduzido pelo juiz Amit Mehta, em Washington, com previsão de durar cerca de três semanas. No mesmo tribunal, a Meta — dona do Facebook, Instagram e WhatsApp — também responde a um processo por práticas anticompetitivas.
O principal ponto da acusação é a forma como o Google teria utilizado seu poder econômico para manter sua hegemonia. O DOJ alega que a empresa fechou acordos bilionários com fabricantes como a Apple, garantindo o Google como buscador padrão em diversos dispositivos, o que supostamente sufoca a concorrência e dificulta a entrada de novas plataformas no mercado.
Entre as medidas propostas para restaurar a competitividade estão o fim de contratos de exclusividade, o licenciamento dos resultados de busca para rivais e, em último caso, a venda do Android.
A acusação também alerta para os riscos do avanço das ferramentas de inteligência artificial. Segundo o governo, o Google pode usar suas soluções de IA para consolidar ainda mais seu domínio. Representantes de empresas como a OpenAI (criadora do ChatGPT) e a Perplexity (especializada em buscas com IA) devem prestar depoimento.
O Google nega as acusações e afirma que as propostas do governo são excessivas e colocam em risco a inovação tecnológica. Em comunicado oficial, Lee-Anne Mulholland, executiva da empresa, disse que “o DOJ ignora o princípio de cautela que a Suprema Corte já reconheceu em casos antitruste”.
Esse novo processo vem logo após uma outra derrota judicial do Google, na última sexta-feira (18), quando a empresa foi considerada culpada de manter práticas monopolistas na publicidade digital. As autoridades agora pedem o desmembramento de partes da plataforma de anúncios.
A sucessão de processos sinaliza o aumento da pressão sobre as gigantes da tecnologia. No caso do Google, o julgamento representa muito mais do que o controle sobre o mercado de buscas — ele pode redefinir os limites de atuação de empresas com alcance global e moldar o futuro da internet em uma era cada vez mais dominada por algoritmos e inteligência artificial. O veredito poderá abrir precedentes para ações semelhantes em outros países.