SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O legado e os recados do papa Francisco para o “business”, Trump não quer saber mais de cheques e outros destaques do mercado nesta terça-feira (22).

**O LEGADO E OS RECADOS DO PAPA**

Nesta segunda-feira (21), morreu o Papa Francisco, aos 88 anos. O Pontífice teve um papel importante no mundo dos negócios, detalhado pelo New York Times.

CONSELHEIRO

O líder da igreja católica foi visitado por vários CEOs e executivos para discutir critérios de ESG (Ambiental, Social e Governança, em português) e DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão).

Nomes de peso o procuraram, como Tim Cook, CEO da Apple, Eric Schmidt, ex-diretor executivo da Alphabet (dona do Google), Brian Moynihan, do Bank of America, e Steve Schwarzman, da Blackstone. Ainda, líderes da BP, Chevron e Exxon Mobil.

DANDO PITACO

Em 2020, Francisco deu a bênção da Santa Sé para a criação de um grupo chamado “Conselho para o Capitalismo Inclusivo”, que reuniu empresas que, juntas, somavam na época uma fatia de US$ 2,1 trilhões do mercado (R$ 12 trilhões) e 200 milhões de funcionários.

Os 27 líderes são chamados de Guardiões do Capitalismo Inclusivo. Entre o grupo fundador estavam executivos da Mastercard, da Salesforce e do Bank of America. Eles se encontravam anualmente com o Pontífice e o Cardeal Peter Turkson, líder do Vaticano para várias iniciativas.

Há reuniões e eventos do órgão marcados para este ano. Segundo o site dele, a morte de Francisco não interrompe as atividades do grupo.

PAPA MODERNO (?)

Uma das marcas do último papado foi a conexão com a contemporaneidade. Falou em diferentes ocasiões sobre o impacto das redes sociais e as mudanças tecnológicas: chegou a pedir comitês de regulação para a inteligência artificial.

“A internet é um presente de Deus”, disse em 2014.

O LEGADO

O Pontífice foi o primeiro da ordem dos jesuítas a assumir a liderança da Santa Sé. É um dos grupos católicos com maior ênfase na justiça social, o que marcou as falas e decisões de Francisco.

“Não devemos deixar a cultura da prosperidade nos anestesiar, nos tornar incapazes de ‘sentir compaixão pelo clamor dos pobres, chorar pelas dores dos outros e perceber a necessidade de ajudá-los, como se fosse responsabilidade de outros e não nossa’”, ele escreveu em carta ao Fórum Econômico de Davos, em 2016.

“Um pouco de filantropia não é o suficiente para compensar as obrigações das empresas com os que mais precisam”, disse ano passado, em um encontro com executivos.

**ENTERRANDO O CHEQUE**

Se você achou que ninguém mais usa cheque no mundo para fazer seus pagamentos, pensou errado. No Brasil, é até menos comum do que em outros lugares –acredite ou não, o Pix mudou bastante o cenário de bancarização do país, fazendo com que mais pessoas digitalizassem suas finanças.

Donald Trump quer forçar essa transição nos Estados Unidos e o primeiro passo pode ser a abolição dos talões de cheque nacionalmente.

LÍDERES GLOBAIS

Os EUA usam mais essa forma de pagamento do que qualquer outro país. Eles emitem as folhas dez vezes mais do que Reino Unido, Austrália, Itália, Alemanha e França juntos, de acordo com estimativas da McKinsey.

Em um decreto no mês passado, a Casa Branca determinou que o governo federal deixe de emitir ou aceitar cheques onde for legalmente possível a partir do final de setembro.

Finlândia e Dinamarca fizeram o mesmo. A primeira em 1999, quando começou a usar o euro, e a segunda em 2017.

POR QUÊ?

É caro e ineficiente, para dizer o básico. Os cheques são mais custosos para imprimir e enviar do que transferências eletrônicas, mais suscetíveis a fraudes e menos propensos a chegar ao destinatário pretendido.

“Estamos em 2025, não deveríamos estar enviando cheques de papel, a um custo basicamente 10 vezes maior que um pagamento eletrônico”, disse Joe Fielding, sócio da Bain & Co.

Nos EUA, a forma de pagamento resiste sobretudo nos pagamentos ao governo: contas, multas, etc. Um em cada cinco pagamentos ao governo foi feito por cheque em 2023, de acordo com dados da filial de Atlanta do Federal Reserve.

SINTOMAS DE UM PROBLEMÃO

O uso é parcialmente uma consequência do sistema bancário altamente fragmentado dos EUA. Com mais de 4.000 bancos e um número similar de cooperativas de crédito, formar um consenso para promover um sistema substituto usando pagamentos eletrônicos é muito mais difícil.

**DEBATE ENCERRADO (?)**

A pandemia criou um racha no mercado de trabalho. Os nervos estão à flor da pele: há os defensores ferrenhos do home office e os que não admitem que o trabalho em casa pode ser frutífero –e o resto do mundo entre esses dois extremos.

Em alguns países, a ideia de teletrabalho foi melhor absorvida do que em outros. O Brasil, incluso nessa lista, segundo um levantamento da revista The Economist.

ESTAGNOU

É o que parece ter acontecido com o nível de pessoas que estão permanecendo em home office. Finalmente, o organismo chamado “mundo do trabalho” parece estar entrando em homeostase.

Os dados reunidos pela publicação mostram que há menos pessoas em vagas remotas do que havia de 2020 a 2022, mas o debate entrou em um certo equilíbrio. As empresas que queriam voltar ao presencial, em sua maioria, já retornaram, e as que não voltarão mais, já sabem disso.

Os trabalhadores também se ajustaram melhor às novas rotinas. Quem não quer voltar para o escritório, já se assentou, e vice-versa. Uma pesquisa entrevistou 16 mil graduados em universidades em 40 países, feita pela Universidade de Stanford.

– Os entrevistados estiveram 1,3 dias por semana em casa do final de 2024 ao início de 2025;

– O número é quase igual ao observado em 2023.

Aí vai o ranking de países onde o funcionário formado em uma universidade trabalha mais dias da semana em casa, em média:

1 – Canadá, com 1,9 dias por semana;

2 – Reino Unido, com 1,8;

3 – Estados Unidos, com 1,6;

4 – Alemanha, Nigéria e Índia ficam perto do 1,5;

5 – Brasil fica em cerca de 1,4;

6 – França e México param em 1 dia.

FREUD EXPLICA

Alguns fatores ajudam a entender os números: o nível de riqueza dos países, como eles viveram a pandemia e seu portfólio industrial. A pesquisa usou outros fatores para estimar outra forma de enxergar quem gosta mais do quê.

Usando o índice criado por Geert Hofstede, um psicólogo holandês, mede a propensão de países com a cultura mais individualista de serem mais abertos ao teletrabalho. Para os mais coletivistas, vale o contrário.

A adoção da prática envolve uma maior confiança dos gestores depositada nos subordinados, o que costuma dar mais certo onde as pessoas estão acostumadas a terem mais autonomia.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Não clique, é golpe. Criminosos simulam email falso em nome da Receita em fraude do Imposto de Renda.

Precisa declarar…gastos com Pix ou cartão de crédito no IR 2025? Saiba aqui.

A briga…entre Trump e Jerome Powell, presidente do Fed, jogou os índices das bolsas de valores e o dólar lá embaixo.

Fim de papo. A Tesla encerrou uma ação contra a empresa por homicídio. O caso começou quando um carro da marca com o piloto automático ativado bateu e matou o motorista.