MADRI, ESPANHA (UOL/FOLHAPRESS) – Capitão do Brasil na conquista da Copa do Mundo de 2002, Cafu não se mostra favorável a um técnico estrangeiro à frente da seleção e cita nomes de comandantes brasileiros que, na avaliação dele, poderiam ocupar o cargo.
“É um ano e meio e você tem pouco tempo para trabalhar. Se tem pouco tempo para trabalhar, coloca um treinador brasileiro, que já está no Brasil, conhece o futebol brasileiro, conhece os jogadores. Vejo, nesta segunda-feira (21), o Rogério Ceni como grande nome, o Renato Gaúcho, o próprio Roger que está fazendo um trabalho fantástico no Inter. Por que não pensar também nesses nomes ao invés de pensar só em nome de treinador estrangeiro que nem sabemos se vem ou não”, diz Cafu.
Nomes como o do português Jorge Jesus, ex-Flamengo, e do italiano Carlo Ancelotti são alguns dos especulados com maior força.
“No momento em que era para estarmos escolhendo treinador brasileiro, estamos escolhendo um treinador estrangeiro. Do que vale, então, a carteirinha de treinador do Brasil? Talvez, seja pouca oportunidade. Vejo que a CBF, nesta segunda-feira (21), dá pouca oportunidade para ex-jogadores que viraram treinadores e estão no Brasil. Tem de começar a abrir esse leque, dar oportunidade. Está aí uma grande oportunidade.”
O ex-lateral está em Madri, na Espanha, para a premiação do Laureus World Sports Awards, o “Oscar” do esporte. Ele é um dos membros da academia da instituição. A ginasta Rebeca Andrade concorre ao prêmio na categoria “Retorno do ano”.
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O QUE MAIS CAFU FALOU
Por que Dorival foi demitido?
“Os resultados da seleção, infelizmente, quando não vêm, alguém tem de ser crucificado, o que, no meu ponto de vista, não é justo. Não é justo mandar um treinador embora no decorrer de uma competição. Maior falta de respeito do mundo mandar um treinador embora em um período em que tem mais um ano e meio para chegar à Copa do Mundo. Porque se quebrar o trabalho desse treinador na metade do caminho, vai surgir desconfiança. O trabalho dele foi interrompido. Tem mais jogos para fazer. Brasil vai classificar? Vai. Vai perder? Vai. Vai ganhar? Vai. Vai jogar bem? Vai. Vai jogar mal? Vai. Isso pode acontecer com Dorival, Ancelotti, Renato… Vamos dizer que definam pelo Ancelotti. Nos três primeiros jogos ele perde. Vai mandar embora? Então, não manda o Dorival. Dê tempo para trabalhar”.
O problema da seleção é maior que apenas o técnico?
“Problema da seleção, hoje, somos nós, os jogadores. Eu me incluo nisso. Independentemente da escolha do treinador, quem está em campo somos nós. A responsabilidade não é do treinador, não é do dirigente… O Ednaldo [Rodrigues, presidente da CBF] não joga, o Dorival não joga, a torcida não joga, os parentes não jogam. Quem joga somos nós, a responsabilidade maior é nossa. Temos de parar de inventar desculpa”.
Jorge Jesus está sendo especulado.
“Não só o Jorge Jesus, como o Ancelotti, o próprio Abel, são treinadores que estão sendo especulados. Essa indefinição é muito ruim, até para nós respondermos. Acho que tinha de definir. Não sei porque o segredo de não definir o treinador da seleção. Isso gera uma expectativa muito grande. Você abre o mercado tipo: ‘estou leiloando o cargo na seleção brasileira’. Isso, para o futebol brasileiro, é muito ruim. Todos esses treinadores têm capacidade, como tem também os técnicos brasileiros”.
Preferiria um técnico brasileiro…
“Eu preferiria, sem dúvida alguma. É o único pentacampeão do mundo, cinco estrelas no peito, país a ser respeitado. Não que não tenha de ir em um treinador estrangeiro, mas, pelo tempo, estamos a um ano e meio da Copa… Coloca um técnico brasileiro e vê o resultado, posição que vai chegar. Baseado nisso, toma uma decisão”.