SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Geração Z muda de emprego igual muda de roupa, imposto sobre herança volta à pauta com divisão de bens de Silvio Santos e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (21).

**BRIGA DE CACHORRO GRANDE**

Quem apita mais alto? O presidente do país ou o presidente do Banco Central? Nos EUA, a briga entre os dois está mais clara do que nunca. De um lado, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o Banco Central americano. Do outro, ele mesmo, Donald Trump.

O Federal Reserve…é uma autarquia. Ou seja, uma instituição pública que tem autonomia administrativa, financeira e patrimonial. No caso do Fed, também há financiamento privado. Ele é responsável por decisões importantes sobre a economia do país, como a política monetária.

O presidente do banco é indicado pelo presidente do país. Powell, por incrível que pareça, foi indicado pela primeira vez por Trump, em 2017. Ele foi reconduzido ao cargo por Joe Biden, em 2021 –isso significa que o mandato atual dele acaba em 2026.

A INIMIZADE

O desgosto do recém-inaugurado presidente americano com a condução da política monetária é exposto por ele desde que foi eleito. O presidente, que anseia pelo estímulo à economia americana, acha que as taxas de juros do país estão altas demais.

Hoje, elas estão no intervalo de 4,25% a 4,50%, historicamente altos para os patamares do país.

De um lado…Jerome Powell pensa na inflação. O patamar dos preços está alto na opinião da população e, ao manter os juros lá em cima, ele tenta desaquecer a economia. Reduzindo o consumo e, por consequência, os preços.

As tarifas impostas pelo líder nacional vão dificultar a missão do gerente da autarquia. A expectativa é que elas agravem a inflação e forcem os juros a subir mais.

“A administração [Trump] está implementando mudanças políticas significativas e, particularmente, o comércio agora é o foco. Os efeitos disso provavelmente nos afastarão de nossas metas”, afirmou Powell.

Do outro…Trump quer colocar gasolina no cenário econômico. Para isto, as taxas altas –que encarecem o crédito, financiamentos e alguns investimentos– precisam ser reduzidas. Se pudesse, o líder já teria colocado Powell para correr, mas não é fácil assim.

O republicano lança farpas e ameaças ao economista publicamente sempre que pode. Aí vão alguns exemplos. Clique para saber mais sobre as circunstâncias em que as aspas foram proferidas.

“Jerome Powell está sempre atrasado e errado e ontem lançou um relatório que é outra típica e completa bagunça!”, escreveu em rede social.

“[A saída de Powell] não poderia estar demorando mais”, afirmou.

“Se o Fed tivesse gastado menos tempo em DEI [sigla em inglês para diversidade, equidade e inclusão], ideologia de gênero, energia “verde” e mudanças climáticas falsas, a inflação nunca teria sido um problema”, disse.

**CIRCULANDO, CIRCULANDO**

Pedir demissão não parece ser um drama para a geração Z como já foi para outras anteriores. Na verdade, o mercado de trabalho inteiro parece mais propenso do que nunca para mudanças.

EM NÚMEROS

– 36% dos trabalhadores com carteira assinada trocaram de emprego nos últimos 12 meses. Há cinco anos, a fatia era de 25%.

– 40% dos trabalhadores com até 29 anos, aproximadamente, haviam mudado de empresa ao longo do último ano —o percentual era de 26% no mesmo mês de 2020.

– Quando se considera apenas a faixa etária entre 18 a 24 anos, esse percentual sobe para 41%.

↳ O levantamento é da LCA Consultores com base em números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

POR QUE?

A pandemia alterou alguns parâmetros que eram usados pela população na hora de procurar uma posição. O cidadão está levando mais em consideração a qualidade de vida, segundo especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.

“Os trabalhadores colocam na conta flexibilidade, tempo e trabalho híbrido, fatores que não eram colocados na conta antes da pandemia”, explica Bruno Imaizumi, economista da LCA e autor do estudo.

O aquecimento atual do mercado de trabalho é um fator essencial dessa equação: com mais oportunidades de trabalho abertas, profissionais qualificados têm mais opções na mesa.

A volta ao presencial é decisiva para alguns. Muitos preferem posições em que há alguma flexibilidade para trabalhar de casa em certos dias da semana.

QUEM NUNCA?

Procurou trabalho na internet que atire a primeira pedra. A digitalização da economia e a facilidade que a tecnologia proporciona para espalhar e encontrar informações mudou o jogo no mercado de trabalho.

Antes, você podia até querer mudar de emprego, mas, quem disse que encontraria outras vagas? Hoje, essa busca é mais simples.

“A geração Z tem muito acesso à informação, e leva muito em consideração a saúde mental, a qualidade de vida, o propósito. São todos pontos nos quais a geração anterior nem parava para pensar”, disse Amanda Adami, gerente da consultoria Robert Half. “Quando não se sentem felizes, mudam de emprego.”

**É MEU E NINGUÉM PEGA**

Vale tudo no amor e na herança? E se na hora de pegar o seu pedaço do bolo, o governo também pedisse uma fatia?

Este é um debate animado pela família de Silvio Santos desde que o apresentador morreu, em 17 de agosto de 2024. Uma parte dos bens dele estava fora do Brasil e o estado de São Paulo cobra um imposto sobre esse tipo de transferência –taxa que já foi declarada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Vamos entender.

TAXA? QUE TAXA?

São Paulo defende a constitucionalidade do artigo da lei estadual do ITCMD (imposto sobre heranças e doações) que determina a cobrança sobre transmissões de bens localizados fora do país.

Isso significa que, na hora de distribuir os bens do apresentador sediados no exterior, o estado quer cobrar uma tarifa. Se ele tivesse domicílio fiscal no Rio de Janeiro, o dinheiro não seria cobrado. Isso porque os estados discordam sobre a aplicação da lei.

VELHA HISTÓRIA

A discussão é antiga, mas parecia ter sido encerrada em 2021, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou o dispositivo da lei carioca que tratava dessa tributação inconstitucional. Isso significa que hoje o RJ não cobra o imposto, mas também tentou.

O caso serviu de referência para outras ações sobre o tema, e as legislações de mais de 20 estados que também faziam tal cobrança foram invalidadas.

Motivo: o Supremo entendeu que essa tributação dependia de uma lei complementar a ser aprovada pelo Congresso Nacional, como determinava a Constituição na época.

TENTE DE NOVO

Em 2023, os governadores fizeram uma nova ofensiva. Pegaram carona na emenda constitucional da reforma tributária para alterar o texto constitucional e autorizar essa cobrança, mesmo sem lei complementar. Veio então uma nova controvérsia.

No caso da família Abravanel…um juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a cobrança do imposto e determinou o depósito de R$ 17,6 milhões (valor da cobrança) até a conclusão da disputa. A discussão envolve R$ 429 milhões deixados em herança que estão em um paraíso fiscal.

**RODA PRESA**

Você pode até ter parado de trabalhar no feriadão, mas os efeitos do tarifaço de Donald Trump não dão folga –acredite, esta newsletter até gostaria de uma trégua.

Hoje, falamos sobre o mercado automotivo, um dos mais impactados. O presidente americano criou um campo minado para montadoras que produzem nos EUA e fora dele: encareceu a importação do aço e do alumínio e também a compra de carros produzidos no exterior. As fabricantes começam a reagir.

A porta…é a serventia da Volvo. Ela planeja demitir funcionários em três plantas fabris nos EUA nos próximos três meses. É um movimento comum em momentos de incerteza com o futuro da economia.

Os preços, em determinados setores, demoram para se ajustar. Para evitar maiores perdas, os apertos vêm na forma de demissões e queda na produtividade.

O plano, segundo um comunicado do conglomerado, é demitir entre 550 a 800 pessoas nas unidades de Mack Trucks, na Pensilvânia, de Dublin, na Virgínia, e de Hagerstown, em Maryland. A empresa, parte da AB Volvo da Suécia, emprega cerca de 20 mil pessoas na América do Norte, de acordo com seu site.

Os pedidos mais afetados são os de caminhões, o que é um indicador preocupante. Mostra que o setor de logística não espera um grande fluxo de mercadorias no curto e no médio prazo.

“Lamentamos ter que tomar essa medida, mas precisamos alinhar a produção com a redução da demanda por nossos veículos”, escreveu a marca.

A espera é longa, mas será que vai valer a pena? A guerra tarifária também levou a Ford Motor a suspender embarques de SUVs, picapes e carros esportivos para a China, segundo informou o Wall Street Journal. A fabricante, assim como outras, espera um recuo dos países rivais para embarcar os produtos a uma taxa menor.

MAIS UMA

A Hyundai planeja suspender temporariamente a produção de alguns de seus veículos elétricos na Coreia do Sul devido à baixa demanda e às tarifas de importação dos Estados Unidos, publicou a agência de notícias sul-coreana Yonhap nesta quinta-feira, citando fontes do setor.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Agro é pop. Produtores de soja dos EUA temem ser substituídos por brasileiros e argentinos em compras pela China com os efeitos do tarifaço.

Na ‘brotheragem’. O governo anda colocando petistas e auxiliares sem formação compatível nos conselhos de administração de empresas estatais.

Aprenda a investir. Os títulos do Tesouro americano ficaram mais rentáveis com o tarifaço, o que é bom para você, investidor amador, e não tão bom para os EUA.