SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores do edifício Três Américas, na Vila Buarque, região central de São Paulo, estão se mobilizando para tentar barrar a derrubada de uma árvore com quase 70 anos de idade.

A árvore é uma Ficus elastica com quase 70 anos de idade e que forma uma espécie de teto verde que cobre a praça.

Sua derrubada foi autorizada pela prefeitura da capital em 2024. Por se tratar de uma espécie cujas raízes e galhos atingem grandes proporções, ela não é atualmente plantada em ambientes urbanos. A autorização, no entanto, já venceu, e a árvore permanece lá, objeto de cabo de guerra entre os moradores que querem que ela fique e os que querem que ela vá.

A história, que já se arrasta por anos, quase chegou a um capítulo decisivo em 6 de abril. O edifício contratou o serviço para derrubá-la, que foi interrompido com a movimentação dos moradores apontando a ausência de representante da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) em uma ação que representa risco à população.

Desde então, moradores contrários à sua remoção, organizados no Coletivo Ambiental Vila Buarque, se reuniram com servidores da Subprefeitura da Sé e teriam ouvido que a autorização da derrubada seria cancelada.

Segundo a síndica do edifício Três Américas, Vládia Cavalcante, nenhum representante da administração condominial recebeu qualquer contato do ente público. À reportagem, na última quarta (16), a Subprefeitura afirmou que essa autorização já está vencida.

De acordo com o morador Rafael Alves, a revogação da autorização da derrubada aconteceu com a descoberta de que a praça Rotary, paisagem à qual a Ficus elastica está integrada, é considerada patrimônio ambiental desde 1989.

Na ocasião, o decreto municipal n° 30.443 de 1989 listou a praça entre os parques e reservas nos quais todas as árvores estão imunes de corte, em razão de sua localização. Embora a ficus esteja plantada dentro do condomínio, ela é parte integrada à paisagem vegetal do local. A mobilização pela tentativa de manter a árvore também conta com o apoio do perfil @vilabuarque no Instagram, que tem mais de 50 mil seguidores.

O deputado Nabil Bonduki, vereador pela cidade, esteve presente no dia da tentativa de corte e postou vídeo sobre o tema, apontando que a autorização de derrubada se baseou em análise meramente visual, sem laudo mais aprofundado. “Ninguém é a favor de manter se ela tiver risco de cair, mas ninguém é a favor da remoção de uma árvore que tem essa força. O que precisa ser feito é o manejo, a árvore não pode gerar risco para a população”.

Em 2014, um galho da ficus causou uma morte por traumatismo craniano de uma pessoa.

A síndica do condomínio discorda de que o debate está sendo apressado e de que haja alternativa. “Essa árvore é de uma espécie invasora e imprópria para cidade, não existe espaço para manejo por conta da localização”, afirma. Segundo ela, os condôminos pretendem plantar no mesmo local uma árvore de igual porte -condição incluída na autorização inicial para a supressão.

“Nenhum morador está confortável com a decisão, todos têm apego por ela. Estão comovidos, mas seguros de que é o correto a ser feito, por isso a decisão de repor no mesmo local”, diz Vládia. “O tema está em debate desde setembro [de 2024], nós esperamos até o último momento para fazer esse corte”.

Após denúncias ao Ministério Público de São Paulo, ocorreu nesta semana uma reunião entre membros do coletivo e Fernando Cesar Bolque, 3º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital. Receberam a promessa de que serão oficiadas a Subprefeitura, a SVMA e a administração do condomínio com indicação para que se suspenda a remoção da árvore até haver elementos técnicos para acompanhamento do MP.

À reportagem, a Secretaria Municipal das Subprefeituras afirmou que “com o vencimento da autorização [de supressão emitida em 2024] e considerando que o endereço foi incluído na camada de Vegetação Significativa 2023, o processo de remoção foi encaminhado à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, que está analisando o laudo”.