Uma pesquisa Datafolha de março de 2025, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), revelou que 7% da população brasileira se considera vegana, o que representa cerca de 14,7 milhões de pessoas. Além disso, 74% dos brasileiros afirmaram estar abertos à possibilidade de deixar de consumir carne. 

A produção de alimentos, especialmente os de origem animal, tem um impacto significativo sobre o meio ambiente. Estimativas globais indicam que os sistemas alimentares são responsáveis por 34% das emissões de gases de efeito estufa (GEE). No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: um estudo de 2023 apontou que, em 2021, os sistemas alimentares foram responsáveis por 73,7% das emissõesbrutas totais do país.

A mudança no uso da terra, impulsionada principalmente pela expansão da agropecuária, respondeu por 56,3% das emissões dos sistemas alimentares brasileiros em 2021. A produção de carne bovina, por sua vez, foi responsável por 78% dessas emissões.

Outras formas de produção animal também têm grande impacto ambiental. Estudos sobre a criação de frangos e peixes apontam que a transição para uma alimentação 100% baseada em vegetais proporciona benefícios ambientais abrangentes.

Nesse contexto, os 7% de brasileiros que adotam o veganismo contribuem diretamente para a redução desses impactos ao eliminar o consumo de carne e outros produtos de origem animal. Essa escolha reduz a demanda por itens cuja produção está associada a altos níveis de emissão de GEE, desmatamento, uso excessivo de água, poluição, perda de biodiversidade, entre outros efeitos negativos.

Considerando que, ao evitar produtos de origem animal por apenas um dia, economiza-se em média 10 kg de CO2 equivalente (CO2e), 22 m² de terra, 3.500 litros de água e 8 kg de grãos, os impactos anuais podem ser calculados:

  • Emissões de CO2: 3.650 kg (ou 3,65 toneladas) de CO2e evitados por pessoa ao longo de um ano. Multiplicando pelo total de veganos, chega-se a uma redução de aproximadamente 53,6 milhões de toneladas de CO2e por ano — equivalente às emissões anuais de 11,6 milhões de carros de passeio.
  • Uso de terras: 8.030 m² economizados por pessoa ao ano, totalizando cerca de 118.000 km² — uma área maior que o estado de Pernambuco.
  • Uso de água: 1.277.500 litros poupados por pessoa ao ano, o que representa cerca de 18,8 bilhões de m³ de água — mais de 18 vezes o volume do Sistema Cantareira.

Consumo de grãos: 2.920 kg por pessoa ao ano, totalizando aproximadamente 42,9 milhões de toneladas de grãos que poderiam ser utilizados diretamente na alimentação humana.

Se considerada a disposição de grande parte da população em mudar seus hábitos alimentares — já que 74% concordam, em algum grau, com a ideia de parar de consumir carne — o impacto ambiental positivo poderia ser ainda mais expressivo. Nessa projeção, os resultados seriam:

  • Redução de cerca de 568 milhões de toneladas de CO2e ao ano — mais do que as emissões da Austrália em 2024;
  • Economia de 1,25 milhões de km² de terras — equivalente à área do estado do Pará;
  • Diminuição no consumo de água em 198,6 bilhões de m³;
  • Economia de 454,8 milhões de toneladas de grãos.

Essas mudanças no padrão alimentar da população brasileira poderiam reduzir significativamente a pressão sobre os recursos naturais utilizados na agropecuária e mitigar os impactos ambientais associados.

Fonte: Ciclo Vivo