SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há questões que, por mais que sejam apenas detalhes pitorescos, costumam ser abordadas com frequência entre famosos. No caso de Chandelly Braz, ela perdeu a conta das vezes em que foi questionada sobre o seu nome. De onde vem? O que significa?

A atriz gosta de deixar claro que, apesar do que muita gente acredita, não tem nada a ver com a marca quase homônima do creme de chocolate, à venda nos supermercados em embalagem parecida com a dos iogurtes. “Quando eu nasci, ele ainda não existia. Minha tia viu esse nome num livro de nomes de pessoas, é francês. Mas a sobremesa só surgiu um ano depois”, conta ela à reportagem. Chandelly chegou a mandar um email para a Nestlé, fabricante da sobremesa, para tentar mais informações sobre a origem do nome. “Eles me ligaram e me contaram. Significa candelabro ou vela.”

Pronto. Curiosidade desfeita, hora de abordar o assunto trabalho com a atriz pernambucana, que volta agora às origens na série “Maria e o Cangaço”, disponível na plataforma de streaming Disney+.

Na história, que aborda o sertão pelo ponto de vista feminino, ela é Dondon, irmã da cangaceira Maria, que só recebeu o apelido Bonita após sua morte, em 1938 (papel de Isis Valverde). Dondon existiu na vida real, apesar de não haver muitas informações sobre ela -a produção é baseada no livro “Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço”, de Adriana Negreiros.

“Algumas mulheres que foram para o cangaço eram comuns. A Dondon é essa mulher sertaneja que ficou cuidando da casa, da mãe, das filhas, da lavoura. Existe muita bravura não só em quem vai, mas também em quem fica”, explica. “Ela ficou mesmo perseguida. Quem ficava no meio dessa guerra também sofria os efeitos dela.”

Apesar de nascida em Minas Gerais, Chandelly se considera pernambucana porque foi para lá ainda bebê. Para ela, assim como o cangaço está no imaginário de grande parte dos brasileiros, pela imponência e complexidade histórica do movimento, o tema tem uma influência ainda maior nas mulheres nordestinas.

“A gente não sabe direito se eles foram bandidos ou heróis. Eu, minha mãe, as minhas irmãs, todas nós, a gente, em alguma medida, fomos afetadas por essa dimensão simbólica do que o cangaço representa, muito enraizado na nossa cultura, na cultura do Nordeste”, diz. “Se você vai viajar para a Paraíba ou Pernambuco, vai ver esses símbolos do cangaço, como o chapéu de couro, cartucheira, restaurantes temáticos”

A atriz está longe das novelas desde 2018, quando fez “Orgulho e Paixão”. Ela diz que recebeu o convite para atuar em uma produção que começaria meses depois, mas recusou pelo curto espaço de tempo. Depois, veio a pandemia, o que a distanciou mais ainda das obras extensas.

Em suas palavras, a vida foi acontecendo. “Consegui fazer cinema, trabalhar com diretores que admiro, entender novas linguagens, fazer outras coisas.”

Depois de anos na televisão, no entanto, ela afirma ainda não ter se acostumado com o interesse público em relação à sua vida pessoal. As repercussões do fim de seu casamento de dez anos com Humberto Carrão, em 2022, e as fotos aos beijos com a também atriz Alice Carvalho ainda a incomodam.

“Minha vida íntima não diz respeito a ninguém. Ao mesmo tempo, eu não preciso esconder nada de ninguém. Que bobagem a vida pessoal de alguém virar uma matéria, sabe? A fofoca sempre existiu e todo mundo é, em algum grau, um pouco fofoqueiro. Mas não procuro saber, tenho muita coisa para fazer.”