SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os moradores da favela do Moinho fizeram uma barricada e atearam fogo no trilho da CPTM que cruza a comunidade, no centro de São Paulo. Eles dizem que o ato aconteceu após a Polícia Militar invadir o local. Moradores relatam agressão.

A reportagem presenciou o momento em que os policiais prenderam uma pessoa. Eles usaram spray de pimenta contra os manifestantes. Moradores também começaram a fazer barricadas no acesso à comunidade.

Os moradores relatam que os policiais entraram na favela por volta das 13h e teriam mandado comerciantes fecharem as portas e jogaram gás de pimenta em quem estava circulando pela rua. As barricadas teriam sido uma resposta a isso.

É a segunda vez em menos de uma semana que há conflito na comunidade. O clima de tensão se dá porque, nos próximos dias, está previsto o início do plano de desocupação da favela do Moinho. A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que 86% das famílias aceitaram a proposta apresentada.

Parte da comunidade, porém, afirma que a adesão dos moradores ocorre diante do temor de uma retirada à força e sem qualquer compensação e criticam o plano oferecido pelo estado.

O plano da CDHU não prevê uma remoção em massa e grupos pequenos terão pertences transportados para seus novos endereços, segundo representantes do governo.

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação informou no início da semana que o atendimento para reassentamento conta com a adesão de 703 famílias. O atendimento ocorreu de forma individual, em escritório montado pela CDHU perto da comunidade. Destas, 531 já estão habilitadas, segundo o governo.

Quem critica o plano reclama que a maior parte das unidades a serem oferecidas não está pronta, sobretudo no centro, onde a oferta atual é de pouco mais de cem unidades. Outras 400 estão em produção, mas a maior parte –cerca de 560– ainda começará a ser construída e a entrega poderá demorar algo perto de dois anos.

Durante essa espera, as famílias receberão R$ 800 de auxílio aluguel, sendo 50% do valor pago pelo estado e a outra parte pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Antes, haverá o pagamento de R$ 2.400 para cobertura de gastos com a mudança.

PROTESTO ANTERIOR

Na última terça-feira (15), um protesto contra o plano do governo paulista terminou em confronto com a Polícia Militar no início da noite desta terça-feira (15).

O ato com aproximadamente 200 pessoas, entre moradores, pessoas ligadas a movimentos de moradia e outras com camisetas de partidos políticos, seguia pacífico pela avenida Ipiranga com destino à Câmara Municipal de São Paulo.

Quando passava sobre o viaduto Nove de Julho, próximo ao início da rua da Consolação, motociclistas tentaram furar a manifestação, tentando passar pelo lado da avenida, dando início à confusão.