SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um júri federal acusou formalmente de quatro crimes Luigi Mangione, o homem acusado pelo assassinato de um executivo da área de saúde em Manhattan no último 4 de dezembro. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (17) pelo governo de Donald Trump.

O acusado, de 26 anos, foi denunciado por, além de crimes conexos, homicídio em primeiro grau em apoio a um ato de terrorismo e uso de arma de fogo para cometer assassinato -as penas máximas, respectivamente, são de prisão perpétua e morte.

Em 1º de abril, a procuradora-geral americana, Pam Bondi, anunciou que a acusação buscaria a pena de morte. Esse pronunciamento e a nova acusação formal sugerem que o Departamento de Justiça de Trump pretende participar do julgamento.

“A diretriz do presidente foi muito clara: devemos buscar a pena de morte quando possível”, disse Bondi, em programa Fox News transmitido no último dia 6.

Os advogados de Mangione apresentaram uma petição acusando Bondi de violar protocolos estabelecidos ao anunciar sua decisão sem dar à defesa uma chance justa de ser ouvida.

Os defensores ainda dizem que o Departamento de Justiça dos EUA ignorou um pedido de um prazo de três meses para investigar e preparar uma tese argumentando contra a pena de morte.

Os advogados disseram que, depois que Trump assumiu a presidência e indicou nova liderança DOJ, deixaram de conseguir oferecer manifestações escritas e orais ao governo.

Os advogados argumentaram que a decisão da procuradora-geral foi “explícita e descaradamente política”. Eles mencionaram a entrevista à Fox News e alegaram que ela divulgou sua decisão publicamente “para que ela tivesse ‘conteúdo’ para sua recém-lançada conta no Instagram”.

A acusação formal desta quinta indica que um grande júri federal, formado por cerca de 20 pessoas cujas identidades são mantidas sob sigilo, encontrou evidências para acusar Mangione. Deve haver uma probabilidade razoável da tese ser factual, segundo a Constituição americana, para que a denúncia criminal prossiga.

Com a apresentação da acusação, a Justiça designa um juiz, que decidirá sobre a atuação das partes e supervisionará qualquer julgamento e, caso assim seja decidido, o procedimento de pena de morte.

Mangione é alvo de uma denúncia federal desde dezembro, quando foi preso. Na nova acusação formal, não há crimes adicionais contra Mangione.

As autoridades dizem que ele assassinou o executivo, Brian Thompson, de 50 anos, enquanto a vítima caminhava para uma palestra no início da manhã em um hotel no centro de Manhattan.

No dia 9 de dezembro, Mangione foi preso em um McDonald’s na cidade de Altoona, Pensilvânia. Depois, foi levado de volta a Nova York para enfrentar as acusações.

O caso repercutiu nas redes sociais, sob um discurso crítico, ora violento, ao sistema de saúde privatizado do país.

A última aparição pública de Mangione, em fevereiro, no tribunal criminal de Manhattan atraiu centenas de apoiadores, alguns alinhados nos corredores e outros protestando do lado de fora.

Ele também recebeu uma onda de cartas de apoio na penitenciária federal no Brooklyn onde está detido, e seus advogados criaram um site para fornecer informações sobre seu caso.

Uma página de arrecadação de doações criada para beneficiar sua defesa legal lista doações que somam mais de US$ 900 mil até esta quinta-feira.

Mangione ainda enfrenta processos paralelos pelos mesmos crimes em dois tribunais de Nova York -um por homicídio em primeiro grau em apoio a um ato de terrorismo e outro por usar arma de fogo para cometer assassinato.

A primeira denúncia deve ter andamento mais célere, já que um caso federal de pena de morte, por causa da maior complexidade, pode levar um ano a mais para ir a julgamento.

Em resposta à defesa de Mangione, os promotores afirmaram que os advogados não citaram nenhuma autoridade legal no argumento para impedir o governo de buscar a pena capital antes da acusação formal.