PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A fotografia de uma criança palestina que perdeu os dois braços em um ataque de Israel à Faixa de Gaza venceu o principal prêmio da World Press Photo de 2025, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo. O resultado foi anunciado nesta quinta-feira (17).

A imagem, registrada pela fotógrafa Samar Abu Elouf para o jornal americano The New York Times, retrata Mahmoud Ajjour, 9, que foi ferido em uma explosão ocorrida em março de 2024 enquanto tentava escapar de um bombardeio. Ele ficou em estado grave e teve os braços amputados. A foto foi tirada em Doha, a capital do Qatar, para onde o menino foi levado em busca de tratamento médico.

“O sonho de Mahmoud é simples: ele quer obter próteses e viver sua vida como qualquer outra criança”, escreveu a World Press Photo em comunicado. Segundo a organização, Mahmoud está se recuperando e aprendendo a escrever e abrir portas usando os pés.

A fotógrafa, também nascida em Gaza, deixou a região em dezembro de 2023, ainda nos primeiros meses da ofensiva militar israelense após o ataque feito pelo Hamas em outubro daquele ano.

Atualmente morando em Doha, Samar documenta os casos de feridos graves que conseguem sair do território palestino para receber cuidados de saúde. Ela e Mahmoud vivem no mesmo complexo de apartamentos da cidade qatari.

“Quando Mahmoud percebeu pela primeira vez que seus braços haviam sido amputados, uma situação que não pode ser revertida, a primeira frase que ele disse para sua mãe foi ‘como vou conseguir abraçar você?'”, disse Samar Abu Elouf em um vídeo publicado nas redes sociais.

“Esta é uma foto silenciosa que fala alto. Ela conta a história de um menino, mas também de uma guerra mais ampla que terá impacto por gerações”, afirmou em comunicado a diretora executiva da World Press Photo, Joumana El Zein Khoury.

“Três temas emergiram desse conjunto que definem a edição 2025 do World Press Photo: conflito, migração e mudanças climáticas. Outra forma de vê-los é como histórias de resiliência, família e comunidade”, disse a fotógrafa Lucy Conticello, chefe do júri global.

O júri da premiação concedeu o segundo lugar a duas fotografias. A primeira, intitulada “Night Crossing” (“Cruzamento Noturno”), de John Moore para a Getty Images, mostra imigrantes chineses se aquecendo em uma noite chuvosa após cruzarem a fronteira do México com os Estados Unidos. A segunda, “Droughts in the Amazon” (“Secas na Amazônia”), de Musuk Nolte para a Panos Pictures e a Fundação Bertha, retrata um homem carregando sacolas de mantimentos sobre o leito seco de um rio amazônico.

Ao todo, o júri avaliou 59.320 fotografias, enviadas por 3.778 fotojornalistas, e selecionou 42 imagens premiadas em diferentes categorias.

Dentre os vencedores de 2025 em outras categorias, estão registros das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, da vitória do Botafogo na final da copa Libertadores e do ataque a tiro contra o então candidato republicano Donald Trump em julho.

Em 2024, o prêmio máximo foi concedido ao fotógrafo palestino Mohammed Salem pela imagem que mostra uma mulher segurando nos braços o corpo da sobrinha de cinco anos, morta junto com a família após um míssil israelense atingir sua casa na cidade de Khan Younis, em Gaza.

Fundada em 1955, a fundação World Press Photo, com sede em Amsterdã, na Holanda, organiza o maior prêmio dedicado ao fotojornalismo no mundo.