Walison Veríssimo
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) classificou como um “ponto convergente” o apoio mútuo entre seu grupo político e o PL de Goiás em torno do projeto de anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro. A declaração foi dada nesta quarta-feira (16), após o recuo da legenda em protocolar recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão que reverteu a inelegibilidade de Caiado e a cassação do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB).
“Esse é um assunto que, sem dúvida nenhuma, eu concordo plenamente. As penas têm sido acima daquilo que normalmente se aplica. Estão sendo, de certa maneira, desproporcionais àquilo que foi praticado”, afirmou Caiado, ao defender o avanço do projeto de anistia. O governador pontuou que todos os deputados goianos com afinidade à pauta já assinaram o requerimento de urgência e que a matéria agora depende da articulação dos líderes junto à presidência da Câmara dos Deputados.
A sinalização de Caiado ocorreu após um gesto político que evitou o acirramento da disputa judicial. Nos bastidores, o recuo do PL foi lido como resultado direto da reaproximação entre o governador e o senador Wilder Morais, presidente estadual da legenda. O entendimento foi intermediado por lideranças como o deputado federal Gustavo Gayer (PL) e o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), que atuaram para destravar o diálogo entre as partes.
Durante a coletiva, Caiado reforçou seu estilo político e adotou um tom conciliador. “Eu sou um homem conciliador. Só faço política conciliando, em paz, com entendimento”, disse. É de interesse do governador a aproximação com o grupo goiano liderado por Bolsonaro, que desde as eleições de 2024, estava em fissura. À época, Bolsonaro chamou Caiado de “covarde” que por sua vez rebateu afirmando que o ex-presidente fazia uma política atrasada. Eleito, o prefeito Sandro Mabel (UB) disse que Bolsonaro era uma “decepção”.
O processo movido pelo PL goiano contra Caiado e Mabel fez o caldo entornar na relação entre ambas as partes. Contudo, aos poucos a relação foi abrandando. Caiado já havia participado no início do mês de ato público em São Paulo ao lado dos governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ratinho Júnior (PR), todos defensores da anistia.
O gesto foi visto como parte de um esforço para manter diálogo com a direita e figuras ligadas ao bolsonarismo, sem abrir mão do protagonismo entre os governadores da centro-direita. Fred Rodrigues, entretanto, salienta que apesar da conciliação, o PL goiano não será adesista da base caiadista e reforça que os projetos eleitorais para 2026 são independentes.