SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Governo indica que faltará verba no Orçamento para despesas públicas, sua conta de luz pode estar mais cara do que deveria, esforços da China para estimular consumidor doméstico dão resultado e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (17).

**O ÚLTIMO APAGA A LUZ**

O Planalto está igual a você, quando vai chegando o fim do mês: percebendo que o salário não vai dar conta da fatura do cartão.

O governo Lula indicou que faltará verba no Orçamento para cumprir os pisos de saúde e educação já em 2027 –mais um indício de que o arcabouço fiscal está na corda bamba e as políticas públicas, marca dos governos do PT, podem sofrer um apagão.

COMO ASSIM?

Segundo as projeções do PLDO (projetos de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026, haverá uma sobra de apenas R$ 122,2 bilhões para gastos discricionários (não obrigatórios) em 2027, primeiro ano de gestão do próximo presidente da república.

A gota d’água é a reinclusão integral das despesas com sentenças judiciais –os famosos precatórios– nas regras fiscais.

– Em 2026, o Executivo deve pagar cerca de R$ 115 bilhões em precatórios;

– Neste ano, ele gasta R$ 44 bilhões sem afetar as regras fiscais.

Para criar espaço na carteira, foi criado em 2022 um teto para o pagamento anual dessas dívidas –assim, elas ocupariam uma fatia limitada dos gastos.

Em 2023, a decisão foi revista pelo STF. A corte permitiu que o governo quitasse o que foi acumulado no ano anterior sem que essas despesas fossem contabilizadas no teto de gastos. A partir de 2027, elas voltam a ser submetidas ao arcabouço fiscal.

PROBLEMÃO

A Constituição estabelece um piso de gastos para áreas essenciais, como a saúde e a educação. Daqui há dois anos, o governo –seja lá qual for– pode não ter grana para honrá-los, caso não dê um jeito nos precatórios.

Além deles, as emendas parlamentares comerão um pedaço importante do bolo orçamentário: R$ 56,6 bi. Daí, sobra R$ 65,7 bilhões, saldo insuficiente para quitar o valor mínimo dos setores, estimado em R$ 76,6 bi.

Sem dinheiro nem para cumprir despesas obrigatórias, que dirá inovar. Programas sociais podem estar na berlinda com a execução das regras.

REPETECO

Problema semelhante foi vivido por Bolsonaro em 2022. Sem espaço para acomodar despesas já contratadas e promessas de campanha, Guedes enviou o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2023 com cortes em várias políticas públicas.

**MAIS CARO DO QUE DEVIA?**

A sua conta de luz pode estar mais cara do que deveria ser. Ao menos, é a avaliação de especialistas dos resultados da usina de Itaipu no primeiro trimestre deste ano: altos demais para as normas que a regem.

EM NÚMEROS

US$ 680 milhões, quase R$ 4 bilhões, foi o superávit da conta de exploração anunciado em tom de comemoração –praticamente 16 vezes mais que no ano anterior;

↳ A conta de exploração serve para financiar obras e projetos socioambientais.

US$ 443 milhões, ou R$ 2,6 bilhões, foi o resultado contábil. Um número três vezes maior que o registrado no período anterior.

COMO FUNCIONA?

A usina hidrelétrica de Itaipu segue um tratado binacional entre Brasil e Paraguai. Por isso, opera pelo sistema de tarifa pelo custo.

Calma, vamos explicar. Ela deve cobrar do consumidor só o necessário para operar e cumprir suas obrigações, sem gerar lucro. Se isso acontecer, o saldo positivo vira desconto na tarifa de luz.

ACIMA DA CONCORRÊNCIA

Os lucros são bem altos para uma única usina. A título de comparação:

Os números superam o resultado do grupo Equatorial e ficam um pouco abaixo dos apresentados pela Copel –ambas têm mais de uma planta cada.

“O resultado de Itaipu corrobora ainda mais para a necessidade de rever para baixo a tarifa praticada no Brasil”, afirma a diretora técnica da consultoria PSR Ângela Gomes.

REBOBINANDO

Vamos entender como a usina chegou em números tão altos.

A tarifa da energia gerada por Itaipu deveria ter caído para entre US$ 9 e US$ 10 a partir da quitação da dívida de construção da hidrelétrica, em 2023, mas não houve redução.

Entre abril e maio do ano passado, os governos Lula e Santiago Peña, do Paraguai, aumentaram a tarifa, chamada de Cuse (Custo Unitário do Serviço de Eletricidade) –de US$ 16,71 para US$ 19,28 por kW (quilowatt-hora).

A justificativa para o aumento é o custeio de novas obras. O novo diretor-geral, Enio Verri, anunciou o programa “Itaipu Mais que Energia”, prevendo investimentos de R$ 1 bilhão em projetos de desenvolvimento regional.

**O DESPERTADOR TOCOU**

O povo chinês apertou o botão “soneca” muitas vezes nos últimos anos. O governo procurava mil maneiras de fazê-lo acordar e, agora, parece que os esforços deram certo.

O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China no primeiro trimestre fechou em 5,4%, na base anual. Claro, os cálculos terminaram antes do tarifaço imposto por Donald Trump.

Zzzz…era como o mundo via a demanda doméstica do país asiático desde 2023. Pequim foi desafiado a fazer com que o consumo interno se tornasse um impulsionador maior do crescimento, uma vez que o cenário internacional está cada vez mais imprevisível.

Qualquer enfraquecimento da economia chinesa teria efeitos colaterais para muitos países emergentes, o que adicionaria mais uma camada de complicação ao comércio exterior.

BALDE D’ÁGUA

A liderança, então, começou a agir. Em setembro de 2024, foram retiradas restrições à aquisição de residência nas grandes cidades e outros incentivos foram dados ao setor imobiliário. Ainda, cortou as taxas de juros.

Neste ano, milhões de funcionários públicos receberam aumentos salariais inesperados. O pagamento imediato equivaleria a uma injeção única na economia de cerca de US$ 12 bilhões a US$ 20 bilhões. Essas são apenas algumas das ideias para colocar a economia em movimento.

A meta para o crescimento do PIB em 2025 é a mesma do ano passado, 5%.

O RESULTADO VEIO

O consumidor chinês foi um dos responsáveis por ele. As vendas no varejo subiram 5,9%, também em comparação com o período no ano anterior, com a alta concentrada em março, o terceiro mês.

Por outro lado, na comparação com o trimestre anterior, o crescimento econômico foi de 1,2% –abaixo do que havia sido registrado no último trimestre do ano passado, de 1,6% em relação ao trimestre anterior.

PAÍS “TECH”

A consolidação “boa e firme” foi creditada, em parte, à inovação por Sheng Laiyun, diretor do Escritório Nacional de Estatísticas, que representa um “papel cada vez mais protagonista”.

A explicação ecoa elogios feitos por autoridades aos avanços em inteligência artificial, com o chatbot DeepSeek e outras, e até na indústria do cinema, com a animação “Ne Zha 2”.

**GRUDADOS NA TELINHA**

Depois da tempestade, vem a bonança. Se os streamings tomaram um susto com o fim da pandemia –e, consequentemente, do isolamento social–, agora, veem tempos melhores à frente.

A Netflix deve bater recorde de lucro com o rendimento de 2024 e a Disney+, pela primeira vez desde a sua criação, terminou o ano no azul.

As informações são de uma pesquisa publicada pelo The Hollywood Reporter, que destrincha os números de diferentes plataformas de streaming em relação ao ciclo de 2024.

A Netflix nunca havia ultrapassado a marca dos US$ 10 bilhões (R$ 58,6 bilhões) em superávit. Há uma primeira vez para tudo.

O balanço do primeiro trimestre de 2025 sai hoje, em que outros números devem estar detalhados.

Para chegar neste desempenho, a companhia aumentou os valores dos pacotes de assinatura. Talvez seu bolso tenha percebido.

– O plano básico, com anúncios, passou de R$ 18,90 para R$ 20,90 ao mês;

– O padrão foi de R$ 39,90 para R$ 44,90;

– O premium, que inclui resolução em 4K, chegou a R$ 59,90.

↳ Agregar modalidades que permitem a veiculação de anúncios foi uma fonte importante de receita para a plataforma. Além de receber dinheiro dos assinantes, ganham pagamentos das marcas.

A Disney+ parou de dar prejuízo. Gol de pênalti.

No jargão do mercado, esse momento se chama “break even”, ou ponto de equilíbrio. A hora em que uma empresa ou serviço consegue suprir os gastos que tem.

O streaming conquistou uma quantidade importante de assinantes e arrecadou US$ 574 milhões (R$ 3,3 bilhões).

“Acreditamos que se analisarmos os concorrentes do segmento, estamos muito bem posicionados para aumentar tanto os assinantes quanto os lucros a longo prazo”, destacou o CEO da Disney, Bob Iger.

Concorrência. Com o aumento do número de assinantes do Discovery+ e da Max, a Warner Bros Discovery, por sua vez, arrecadou cerca de US$ 117 milhões (R$ 685 milhões) e atingiu um lucro total de US$ 677 milhões (R$ 4 bilhões).

Na lanterna, a Paramount teve um prejuízo de US$ 497 milhões (R$ 2,9 bilhões) pelos investimentos no streaming Paramount+.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Guerra das motos. Chineses vão relançar 99Food e investir até R$ 1 bi para competir com aplicativos no Brasil.

No tribunal. Mark Zuckerberg vai a julgamento em caso histórico antitruste e foge de perguntas sobre compra do Instagram e do WhatsApp.

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