SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dez agentes penitenciários do estado de Nova York, nos Estados Unidos, foram indiciados nesta quarta-feira (16) pelo espancamento e morte de Messiah Nantwi, 22, um homem negro que estava preso na unidade correcional Mid-State.
Dois dos guardas, Jonah Levi e Caleb Blair, responderão também por homicídio em segundo grau (de forma intencional, mas sem premeditação). É a segunda vez neste ano que um grupo de funcionários do sistema prisional é formalmente acusado pela morte de um detento no estado.
Nantwi, que estava cumprindo uma sentença de cinco anos por posse ilegal de arma de fogo, foi declarado morto em um hospital no dia 1º de março. Segundo a acusação formal, ele foi brutalmente agredido por até 15 agentes penitenciários e seus supervisores, o que resultou em traumatismo craniano severo e outros ferimentos pelo corpo. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu.
O caso ocorre poucos meses depois da morte de Robert Brooks, 43, também um homem negro, espancado até a morte na prisão de Marcy, que fica em frente à Mid-State, em dezembro de 2024. Seis guardas respondem por homicídio no caso Brooks, e outros funcionários também foram denunciados.
Os episódios ocorreram em meio a um cenário de crise: várias unidades prisionais enfrentavam dificuldades operacionais devido a uma greve não autorizada de agentes penitenciários, iniciada em 17 de fevereiro deste ano. A paralisação forçou o governo a mobilizar tropas da Guarda Nacional para manter o funcionamento das prisões. Presos e entidades de direitos humanos denunciaram o agravamento das condições durante a greve.
De acordo com a promotoria, os agentes Levi e Blair foram chamados à cela de Nantwi para auxiliar os membros da Guarda Nacional. No local, os dois iniciaram uma série de agressões com chutes e golpes na cabeça e no corpo do preso, usando inclusive as próprias botas.
O documento judicial afirma que Nantwi estava com as mãos levantadas e não portava arma. Ele protestou ao ser algemado sem justificativa aparente e chegou a agarrar o colete de um dos agentes antes de ser violentamente atacado. A agressão se intensificou depois que Nantwi mordeu Blair e outro guarda na mão.
O detento ficou inconsciente e foi levado ao ambulatório da prisão, onde teria sido agredido novamente em uma escada e depois deixado sozinho em uma sala de espera -onde, segundo a acusação, foi novamente espancado mais tarde. Ainda segundo o processo, os guardas demonstraram indiferença pela vida de Nantwi e não acionaram de imediato os serviços médicos.