SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As ações das empresas de chips despencaram nesta quarta-feira (16), em mais um dia de incertezas no mercado diante do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O governo republicano tem ameaçado a criação de uma nova taxa para semicondutores e outros eletrônicos, ao mesmo tempo em que restringiu as vendas de um dos chips mais populares da Nvidia à China.

Maior fabricante de chips do mundo, a Nvidia teve uma queda de 6,8% nas ações durante o pregão em Wall Street. A empresa deve deixar de ganhar US$ 5,5 bilhões (R$ 33 bilhões) com a restrição aos chips H20, segundo informou a companhia na terça.

As medidas restritivas contra a China têm apertado as empresas dos EUA nos últimos anos, mas o país continua sendo uma fonte crucial de receita. A Nvidia obteve mais de 13% de suas vendas, ou cerca de US$ 17 bilhões (R$ 100,14 bilhões), da China em seu último ano fiscal.

Somado a essa restrição, o mercado ainda teme um novo imposto sobre o setor, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na segunda-feira (14) que incluiu os semicondutores e os produtos farmacêuticos em uma investigação de segurança nacional, o que pode culminar no anúncio de uma nova tarifa.

Além da Nvidia, outras empresas do setor foram impactadas. A ASML, maior fornecedor mundial de equipamentos para fabricação de chips, alertou que as tarifas estavam aumentando a incerteza para suas perspectivas para 2025 e 2026, fazendo com que suas ações caíssem mais de 4%.

A AMD, rival da Nvidia, viu seus papeis perderem 7,32% do valor, enquanto a Micron Technology, Broadcom e Intel caíram entre 2% e 3%.

As ações de tecnologia tinham subido no início desta semana, após os EUA anunciarem a suspensão das tarifas recíprocas para o setor e reduzirem a tarifa cobrada da China para 20% na importação de semicondutores.

Stacy Rasgon, analista da Bernstein, disse que proibir o chip H20 “não faz sentido” pois entregaria o mercado de IA chinês aos rivais Huawei. “O impacto de uma eliminação total do H20 é provavelmente (cerca de) US$ 0,30 ou mais nos níveis atuais (não é enorme no grande esquema das coisas)”, avaliou Rasgon.

Apesar da queda das ações de tecnologia, as Bolsas da China fecharam em alta nesta quarta. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,31%. Já o SSEC, de Xangai, subiu 0,26%.

Já a Bolsa de Tóquio caiu 1,01%, enquanto Seul desvalorizou 1,21% e Hong Kong, 1,91%. Na Europa, o índice STOXX 600, referência no continente, perdeu 0,19%. O mesmo panorama ocorreu em Paris (-0,31%), mas Londres e Frankfurt subiram 0,32% e 0,27%, respectivamente.

Em Nova York, o S&P 500 caiu 2,24%, e o Dow Jones, 1,73%. O Nasdaq Composite recuou 3,07%, abalado pelo pessimismo sobre as empresas de tecnologia.