Da Redação

Na próxima quarta-feira (16/4), um silêncio solene tomará conta da cidade de Goiás. Às 23h59, todas as luzes se apagam e o cenário muda. O centro histórico da antiga Vila Boa mergulha na penumbra, iluminado apenas pelas chamas vivas de tochas carregadas por figuras encapuzadas. É o início da Procissão do Fogaréu — um dos rituais mais marcantes da Semana Santa brasileira.

Quarenta homens vestidos como soldados romanos, conhecidos como farricocos, tomam as ruas de pedra em uma encenação intensa e simbólica da busca e prisão de Jesus Cristo. Em frente ao Museu de Artes Sacras da Boa Morte, começa o cortejo que mistura fé, tradição e espetáculo. Devotos, cobertos por capas coloridas, seguem pelas vielas coloniais ao som de cânticos em latim entoados por um coral. O clarim, que toca ao fim do percurso, sela o momento em que Cristo é simbolicamente capturado.

Mais do que um evento religioso, a Procissão do Fogaréu é uma experiência sensorial e histórica. Tombada como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco, a cidade de Goiás se transforma em palco de uma representação que ultrapassa o tempo, atraindo turistas, estudiosos e curiosos de todas as partes do mundo.

É uma noite em que a fé dança com o fogo, a história caminha entre sombras, e cada chama acesa parece reacender também a memória coletiva de um povo que preserva suas raízes com orgulho e reverência.