A literatura latino-americana se despede de um de seus mais ilustres representantes. Mario Vargas Llosa, escritor peruano e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, faleceu neste domingo (13), aos 89 anos, na cidade de Lima. A notícia foi confirmada por seu filho, Álvaro Vargas Llosa, em uma publicação nas redes sociais.

“Meu pai se foi em paz, cercado por nossa família”, escreveu Álvaro no X (antigo Twitter). Em comunicado oficial, os familiares expressaram o pesar pela perda e pediram discrição neste momento delicado. Atendendo aos desejos do escritor, não haverá cerimônia pública, e seu corpo será cremado em cerimônia restrita.

Vargas Llosa construiu um legado literário que ultrapassou fronteiras. Entre suas obras mais emblemáticas estão Tia Julia e o Escrevinhador, A Festa do Bode e Travessuras da Menina Má. Ele também foi um importante ensaísta, com títulos como A Civilização do Espetáculo, em que analisa com lucidez as transformações culturais contemporâneas.

A consagração veio em 2010, com o Nobel de Literatura, mas sua trajetória foi marcada por uma série de prêmios prestigiados como o Cervantes, o Príncipe de Astúrias, o PEN/Nabokov e o Grinzane Cavour.

Além da literatura, Vargas Llosa também teve passagem pela política: disputou a presidência do Peru em 1990, chegando ao segundo turno, quando foi derrotado por Alberto Fujimori. Mesmo com a derrota, sua figura seguiu influente no debate público, sempre atenta aos rumos políticos da América Latina.

Conhecido por sua prosa densa e estruturada com múltiplos pontos de vista, Vargas Llosa era um mestre em construir narrativas que desafiavam o tempo linear e testavam os limites entre realidade e ficção. Sua obra é, hoje, um capítulo fundamental da literatura mundial — e sua ausência deixa um enorme vazio no coração da cultura hispano-americana.

A literatura perde um de seus gigantes. O mundo, um contador de histórias insubstituível.