SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em vitória dos irmãos Menendez, que mataram os pais em 1989 e podem ser soltos depois de décadas na cadeia, um tribunal de Los Angeles rejeitou nesta sexta-feira (11) o pedido feito pelo promotor público responsável pelo caso, Nathan Hochman, para barrar um pedido de revisão da sentença.
Lyle e Erik foram condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Agora, novas audiências estão marcadas para os dias 17 e 18 de abril com o objetivo de determinar a nova pena, bem como as próximas etapas do processo.”Hoje é um bom dia. A justiça venceu a política”, disse o advogado Mark Geragos, que representa os irmãos, após a audiência.
O caso, um dos mais emblemáticos da história dos Estados Unidos, teve uma reviravolta no ano passado, quando o então promotor de Los Angeles, George Gascón, defendeu que os irmãos tivessem uma sentença menor.
Ele justificou o posicionamento mencionando o aparecimento de novas provas, o bom comportamento dos Menendez na prisão, além de mudanças na sociedade: atualmente, diz, existe mais compreensão sobre o impacto de abusos em crianças e adolescentes.
Lyle e Erik tinham 18 e 21 anos quando assassinaram os pais a tiros na mansão da família em Beverly Hills, na Califórnia. O parricídio ganhou ainda mais projeção devido ao cargo do patriarca da família, José Menendez, um executivo na indústria musical em Hollywood que fugiu da Revolução Cubana aos EUA, onde conheceu sua esposa, Kitty.
Durante todo o processo, os Menendez sempre disseram que cometeram o crime por temerem pela própria vida após anos de abusos sexual, físico e emocional. Essa versão tem recebido apoio público após o lançamento, em 2024, de uma série e documentário sobre o caso, ambos na Netflix.
O ator Cooper Koch, que interpretou Erik na série “Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, compareceu ao tribunal nesta sexta, numa manifestação de apoio aos irmãos. No ano passado, ele disse à revista Vanity Fair que acreditava na versão dos Menendez. “Eu pude abraçá-los, olhá-los nos olhos e dizer que acredito neles, que estou ao lado deles e que farei tudo o que puder para defendê-los”, disse.
Nos últimos anos também surgiram novos elementos que corroboram a versão dos irmãos. Em outubro, por exemplo, veio à tona uma carta escrita por Erik a um primo meses antes do crime, relatando os abusos sexuais que sofria: “[Os abusos] continuam a acontecer, mas está pior para mim agora. Nunca sei quando vai acontecer e estou ficando louco. Toda noite fico acordado, pensando que ele pode entrar no quarto.”
Antes, em 2023, o ex-integrante da banda Menudo Roy Rosselló disse ter sido estuprado por José quando adolescente. Afirmou também ser testemunha de que o relato dos irmãos é real e pediu a libertação deles.
Mas em novembro, Gascón perdeu a eleição e foi substituído na Promotoria por Nathan Hochman, considerado um linha-dura e contrário à revisão da sentença. Ele chegou a afirmar que o argumento sobre legítima defesa faz parte de uma “ladainha de mentiras”. Ainda enfatiza que os irmãos não manifestaram qualquer sinal de remorso e comparou o caso ao de Sirhan Sirhan, que assassinou o senador Robert F. Kennedy em junho de 1968 e teve a liberdade condicional negada pela 16ª vez em 2023.
No ano passado, Hochman entrou com uma ação para barrar a revisão da sentença, o que foi negado nesta sexta pelo juiz Michael Jesic.
Além da revisão da sentença, a defesa de Menendez trabalha com outras duas frentes: um pedido de habeas corpus e outro de clemência, este feito ao governador da Califórnia, Gavin Newsom.