Da Redação

Com o avanço da gripe aviária em diferentes partes do mundo, autoridades sanitárias permanecem em estado de atenção diante do risco de uma nova pandemia. A rápida capacidade de mutação do vírus H5N1 e seu crescente salto para mamíferos têm acelerado a busca por vacinas mais eficazes e abrangentes.

Entre as promessas mais animadoras está a chamada “vacina universal” contra a gripe, desenvolvida com tecnologia de RNA mensageiro. Esse imunizante experimental foi formulado para conter sequências genéticas de diversas variantes dos vírus Influenza A e B. Em testes realizados com animais, como ratos e furões, a vacina mostrou gerar anticorpos contra 20 cepas diferentes por um período de até quatro meses.

Além da busca por soluções internacionais, o Brasil tem apostado em iniciativas próprias. O Instituto Butantan, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolve um imunizante nacional contra a gripe aviária, que já foi testado com sucesso em animais. O próximo passo é a realização de ensaios clínicos em voluntários humanos, à espera de aprovação da Anvisa.

Especialistas reforçam a urgência de uma produção local para que o país não dependa de fabricantes estrangeiros em caso de emergência sanitária. Isso porque o vírus da gripe aviária tem mostrado uma alta capacidade de adaptação a novas espécies. Já são mais de 350 tipos de animais infectados, incluindo mamíferos como gatos domésticos.

Apesar de, até agora, a transmissão entre humanos não estar consolidada, os cientistas alertam que o vírus precisa de apenas pequenas mutações adicionais para se tornar transmissível de pessoa para pessoa. Esse é o principal temor: que o H5N1 adquira essa capacidade e desencadeie uma nova pandemia.

Desde 2003, foram contabilizados 969 casos de infecção humana por H5N1 no mundo, com 457 mortes — uma taxa de letalidade superior a 50%. Embora os números mais recentes indiquem uma queda proporcional de mortes desde 2015, os registros nas Américas têm crescido. Em 2025, já foram identificados 72 casos, com dois óbitos: um nos EUA e outro no México.

No Brasil, o primeiro foco da doença foi identificado em maio de 2023. Desde então, foram registrados 166 episódios, sendo a maioria em aves silvestres. Como medida de prevenção, o Ministério da Agricultura e Pecuária prorrogou por mais seis meses o estado de emergência zoossanitária, em vigor desde o ano passado.

Com a disseminação do vírus em aves e mamíferos e o risco iminente de adaptação ao corpo humano, a corrida por vacinas eficazes se tornou prioridade global.