Da Redação

Um retrato da educação em Goiás mostra que o caminho rumo à universalização do ensino em tempo integral ainda é longo, especialmente no ensino fundamental e médio. Segundo o Censo Escolar 2024, divulgado nesta quarta-feira (9) pelo Ministério da Educação (MEC), apenas 13% dos estudantes do ensino fundamental e 20% do ensino médio no estado estão matriculados nesse modelo.

A situação é diferente nas creches, onde o atendimento em tempo integral alcança 67,5% das crianças. No entanto, na pré-escola, esse índice despenca para 11,9%, indicando uma quebra na continuidade da jornada estendida de aprendizagem.

Em âmbito nacional, o cenário educacional começa a mostrar sinais de recuperação após os impactos da pandemia. O número de alunos matriculados no ensino médio cresceu 1,5% em 2023, atingindo a marca de 7,8 milhões de estudantes, tanto nas redes públicas quanto privadas. O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância do dado: “Tivemos uma inflexão positiva. Pela primeira vez após a pandemia, não houve retração nas matrículas – houve, na verdade, um leve crescimento”.

Segundo o MEC, o governo agora volta seus olhos para o programa Pé-de-Meia, iniciativa que oferece incentivos financeiros a estudantes do ensino médio cujas famílias estão no Cadastro Único (CadÚnico). O objetivo é combater a evasão escolar e estimular a conclusão dessa etapa da educação básica. Estudos conduzidos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) vão avaliar o impacto direto da iniciativa na permanência dos alunos.

Outro dado relevante, divulgado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2024, revela que 93,4% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estavam frequentando a escola este ano — um número que reforça a importância de políticas de permanência.

Apesar disso, o ensino médio brasileiro ainda enfrenta dificuldades estruturais. Apenas 17,5% dos alunos estudam no período noturno, faixa que representa 1,4 milhão de estudantes e se destaca por ser a única etapa da educação básica com essa divisão significativa. Além disso, o ensino médio permanece fortemente urbano: 94,5% das matrículas estão concentradas em áreas urbanas.

A responsabilidade por essa etapa recai principalmente sobre os estados. As redes estaduais concentram 83,1% das matrículas no ensino médio, o equivalente a 6,5 milhões de estudantes. A rede federal responde por 3,1% do total, com 243,6 mil alunos matriculados.

Com os dados atualizados em mãos, o Ministério da Educação se prepara para analisar os números definitivos das redes públicas, que devem ser encaminhados em maio. A expectativa é que os novos indicadores orientem estratégias para ampliar o acesso, garantir a permanência e elevar a qualidade do ensino médio no país.