Da Redação
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), acredita que a recente onda de tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode se transformar em uma oportunidade para a economia paulista — especialmente para a agroindústria. Segundo ele, o Brasil tem espaço para ocupar mercados que podem se afastar de países fortemente taxados, como a China.
“A movimentação dos EUA desorganiza o comércio global, mas também abre portas. Precisamos saber aproveitá-las”, disse Tarcísio em entrevista à Folha de S.Paulo, após evento no Palácio dos Bandeirantes voltado à promoção de rotas comerciais e turísticas do setor cafeeiro.
Conhecido pelo alinhamento com Trump, Tarcísio voltou aos holofotes após circular nas redes o vídeo em que aparece usando o icônico boné vermelho da campanha “Make America Great Again”. Mesmo assim, ele evitou críticas ao governo federal e afirmou que o Planalto está conduzindo o tema de forma adequada: “Está lidando como tem que ser, com cautela.”
O novo pacote de tarifas dos EUA inclui sobretaxas de 10% para produtos vindos do Brasil e de outros países latino-americanos. A China, principal alvo da estratégia protecionista, foi atingida com impostos de até 104%.
Exportações paulistas e cenário internacional
Atualmente, os EUA são o principal destino das exportações paulistas. Em 2024, o estado vendeu US$ 13,6 bilhões para o mercado americano, com destaque para aeronaves, equipamentos industriais, suco de laranja e óleos combustíveis. Para a China, as exportações somaram US$ 8,3 bilhões.
Tarcísio acredita que, diante das mudanças, São Paulo tem potencial para ocupar nichos deixados por países asiáticos. “Se formos estratégicos, podemos ganhar terreno na Europa, na Ásia e até usar isso como impulso para acelerar o acordo Mercosul-União Europeia”, afirmou.
Além da tensão comercial, ele também citou o movimento de empresas saindo da China como outro fator que pode beneficiar a economia brasileira. “Especialmente a agroindústria, que consegue substituir rapidamente outros fornecedores.”
Para Tarcísio, o cenário atual exige planejamento. “É hora de nos estruturarmos para ampliar nossa presença internacional. O alerta foi dado — agora é entender como reagir.”