da Redação

O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) encerrou nesta terça-feira (8) um dos capítulos mais tensos da política local com uma decisão unânime: por 7 votos a 0, a corte livrou o governador Ronaldo Caiado da acusação de abuso de poder político, revertendo a pena de inelegibilidade que pesava contra ele e anulando, de quebra, a cassação da chapa eleita à Prefeitura de Goiânia — formada por Sandro Mabel e Cláudia Lira.

O caso teve origem em uma ação movida pelo Partido Liberal (PL), que acusava Caiado de usar sua posição institucional para influenciar o resultado do segundo turno das eleições municipais de 2024. A denúncia citava duas reuniões realizadas no Palácio das Esmeraldas, nos dias 7 e 9 de outubro, após o primeiro turno. Para o TRE-GO, porém, os encontros não extrapolaram os limites da legalidade e tampouco comprometeram a lisura do pleito.

“O resultado das urnas refletiu a vontade do povo, não um suposto favorecimento em jantares políticos”, disse o relator do caso, desembargador José Mendonça Carvalho Neto. Ele destacou que, embora tenha havido conduta vedada, a gravidade foi moderada, o que justificaria, no máximo, a aplicação de multa — e não a cassação ou inelegibilidade.

Logo após o julgamento, Caiado comemorou a decisão com um discurso marcado pela confiança na Justiça. “Permaneço fiel às instituições e às leis. Sempre estive tranquilo, sabendo que os fatos seriam analisados com isenção. Agora, a verdade prevaleceu: não havia nada que me impedisse de seguir meu caminho político”, declarou.

Sandro Mabel também se manifestou, afirmando que recebeu o resultado com serenidade. “Sempre confiei na Justiça Eleitoral. Hoje, a democracia foi respeitada e os 353 mil votos que recebi foram reafirmados com legitimidade”, afirmou o prefeito.

O presidente do TRE-GO, desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga, foi firme em sua fala final ao destacar que o tribunal age com base em provas, e não em pressões políticas ou emoções. “Por mais eloquentes que sejam os discursos, não nos rendemos ao espetáculo. A lei é nosso guia, e não há como considerar o episódio como abuso de poder político.”

A defesa de Caiado, conduzida pelos advogados Alexandre Hsiung e Anna Vitória Caiado, sustentou desde o início que os eventos mencionados não tiveram impacto eleitoral nem geraram vantagens concretas para os candidatos envolvidos.

A decisão do TRE-GO também esteve alinhada com o parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE), que, em fevereiro, já havia se posicionado a favor da revisão da penalidade. O procurador Marcelo Wolf apontou a ausência de elementos capazes de sustentar a tese de abuso de poder.

Com a decisão, Caiado segue politicamente elegível e Mabel se mantém firme no comando da prefeitura de Goiânia. Para os aliados, o desfecho representa não só o fim de uma batalha jurídica, mas também uma afirmação da confiança no sistema democrático e no respeito à vontade popular.