Da Redação
Com o avanço preocupante da dengue em 2025, o Ministério da Saúde iniciou um conjunto de ações emergenciais para conter a disseminação da doença em regiões críticas. A medida contempla 80 cidades brasileiras — entre elas, Goiânia e Aparecida de Goiânia, que receberão reforço da Força Nacional do SUS, além da instalação de centros de hidratação e ações para aumentar a adesão à vacinação.
Segundo dados atualizados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), o estado já soma 31.524 casos confirmados da doença, com 23 mortes registradas. Para reverter esse cenário, o governo estadual está intensificando campanhas e mobilizações em toda a rede pública, com uso de ferramentas como o “Imuniza Goiás”, além de ações em rádio, TV e redes sociais.
A estrutura emergencial inclui a abertura de até 150 centros de hidratação — cada um com capacidade para 100 leitos — que atenderão pacientes com sintomas da dengue, oferecendo hidratação oral e venosa para evitar agravamentos. O investimento previsto é de até R$ 300 milhões.
Vacinação segue como prioridade
Apesar do esforço, a cobertura vacinal ainda enfrenta obstáculos. Em Goiânia, há 2.192 doses disponíveis, enquanto Aparecida conta com 4.573 — e está prestes a receber mais 2.230. A vacinação, que começou em 2024 para adolescentes entre 10 e 14 anos, foi ampliada em 2025 para jovens de 6 a 16 anos. No entanto, quase 56% desse público ainda não completou o esquema vacinal.
Até agora, 427.665 doses foram aplicadas: 312.869 da primeira dose e 114.796 da segunda. A baixa adesão à segunda aplicação é um dos grandes desafios enfrentados pela gestão pública, pois compromete a eficácia da imunização.
Além do público jovem, doses próximas ao vencimento também foram aplicadas em adultos entre 4 e 59 anos. Nessa faixa, 470.858 pessoas foram vacinadas, mas mais de 156 mil ainda não retornaram para a segunda dose.
Mais equipamentos, mais agilidade
O Ministério da Saúde também anunciou a entrega de 1.260 equipamentos de nebulização (UBV), que serão distribuídos até o fim de abril. Esses dispositivos permitem a aplicação de inseticida em áreas de difícil acesso, fortalecendo o combate ao mosquito Aedes aegypti.
Para otimizar o atendimento nas unidades de saúde, está em vigor um novo protocolo clínico para a rede de urgência. O “Guia da Enfermagem para Arboviroses” amplia a autonomia de profissionais da área, permitindo decisões rápidas quanto a exames, medicamentos e início de tratamentos.
Paralelamente, dez cidades com circulação de múltiplos sorotipos da dengue — como Breves (PA) e Macapá (AP) — participarão de um projeto-piloto de atendimento baseado no “Manejo Clínico Sindrômico”, voltado à detecção precoce de sintomas.
Foco local e estratégia nacional
A escolha de Goiânia e Aparecida como cidades prioritárias foi baseada em critérios como densidade populacional, alta de casos e risco de sobrecarga hospitalar. Em cada uma das 80 cidades selecionadas, haverá monitoramento da vacinação, mapeamento de áreas com baixa cobertura e atuação direta de agentes comunitários.
A secretária de Vigilância em Saúde, Mariângela Simão, reforça que “todo óbito por dengue é, em essência, evitável”. Apesar da queda em relação ao ano anterior — foram 2.500 mortes a menos no primeiro trimestre —, o país já acumula 430 óbitos em 2025, sendo São Paulo o estado mais afetado, com 305 mortes.
Cidades em alerta
Além das duas maiores cidades de Goiás, outras 78 localidades também estão na lista do governo federal, incluindo capitais como Salvador (BA), Natal (RN) e Rio Branco (AC), além de grandes centros do interior paulista como Ribeirão Preto, Campinas e Bauru.
A mobilização nacional, segundo o ministro Alexandre Padilha, é essencial para reduzir complicações graves e salvar vidas: “Estamos preparados para atuar onde há maior pressão sobre o sistema de saúde. A Força Nacional do SUS estará presente para apoiar a rede e garantir atendimento rápido e eficaz à população”.