BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – (FOLHAPRESS) – Cercada de incertezas, a aquisição do Master pelo BRB (Banco de Brasília) tem hoje na mesa de negociações um leque de opções para uma solução híbrida de mercado para o banco de Daniel Vorcaro. As discussões envolvem o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e os dirigentes dos maiores bancos privados do Brasil.

Embora o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tenha chamado para si a responsabilidade de convocar uma reunião em pleno sábado (5) com alguns dos principais atores envolvidos no caso, não há até agora uma coordenação efetiva entre os bancos para buscar uma saída conjunta para todo o Master, o que incluiria a fatia que não fez parte da transação com o BRB.

São ativos de maior risco e menor liquidez, que já somam R$ 25 bilhões, conforme novos achados descobertos pela auditoria contratada pela instituição de Brasília.

As conversas entre os banqueiros vêm acontecendo desde a semana passada, mas o que se observa até agora é um apetite não convergente entre Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual. Procurados, os bancos não comentaram o assunto.

Negociadores já discutem uma alternativa para incluir ativos bons que ficaram com o BRB, como parte da carteira de crédito, na parte remanescente do Master, com papéis mais arriscados. Por trás dessa proposta estaria o desconforto em relação ao acordo de compra e venda do Master com o BRB, que tirou do negócio o que está sendo chamado de “bad bank” (banco ruim).

Essa alternativa facilitaria uma solução mais rápida para o impasse sem a necessidade de um consórcio das instituições financeiras. O BTG pode comprar sozinho ou é possível que outras instituições financeiras interessadas apareçam.

A reportagem da Folha ouviu, nos últimos dez dias, pessoas envolvidas nas negociações, que falaram na condição de anonimato.

Em consenso, a leitura é que uma solução para o caso não pode demorar, sob pena de trazer risco à estabilidade do sistema bancário brasileiro. Há anos o setor não vivenciava um caso tão complexo pela dimensão dos interesses econômicos e políticos que cercam o futuro do Master.

O BRB deve concluir a auditoria dos ativos e passivos na próxima semana, o que deve proporcionar um cenário mais preciso da fatia do Master que irá para o BRB e o chamado espólio, que poderá fazer parte de um acordo entre os bancos e o FGC.

Após a auditoria, o comando do BRB espera receber um banco menor e melhor, mais fácil de ser digerido e pronto para competir no mercado usando o que pessoas envolvidas na negociação chamam de “good bank” (a parcela considerada boa do Master).

Segundo um participante das discussões com o BC, as divergências entre os grandes bancos exigirão mais conversas em torno do melhor modelo de negócio usando o FGC, fundo que cobre depósitos de até R$ 250 mil por CPF e CNPJ em casos de instituições financeiras não honrarem seus compromissos.

O BTG é o mais interessado no negócio, embora oficialmente, por meio de comunicados ao mercado, tenha afirmado que nunca fez proposta para aquisição de ativos ou de participação no capital social do Banco Master.

Apesar da negativa oficial, o chairman e sócio sênior do BTG, André Esteves, já vinha negociando com Vorcaro uma proposta que envolvia o uso do FGC para cobrir problemas de lastro que pudessem aparecer nas operações de risco do Master.

A interlocutores Esteves afirma que não tem nada de concreto ainda, mas não descarta participar de uma saída com outros bancos e o FGC “por razões fiduciárias” para evitar riscos ao sistema.

Fora o BTG, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco consideram que há risco no negócio, mas avaliam o custo para o sistema bancário no caso de um colapso do Master. O cenário obrigaria o FGC honrar as aplicações relativas aos R$ 53 bilhões de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) emitidos pelo banco de Vorcaro, 50% do patrimônio do banco.

Esse cenário exigiria uma chamada de capital dos bancos no FGC com um plano para recompor a liquidez do fundo, o que não é de interesse dos grandes bancos. O fundo foi criado em 1995 justamente para contribuir para a estabilidade dos sistema financeiro nacional e proteger o pequeno e médio investidor. A contribuição é proporcional ao montante de depósitos com cobertura do fundo.

Uma alternativa considerada é o FGC também poder oferecer uma linha de empréstimo, chamada de assistência, para o novo dono da fatia do Master que não fica com o BRB.

Pessoas envolvidas nas discussões não descartam que o Banco Central exija um aporte de capital adicional dos novos controladores para fazer frente aos passivos do Master. O caso coloca sobre os ombros de Gabriel Galípolo, há apenas três meses no cargo, o peso de buscar uma saída que afaste o risco de uma crise bancária de maiores proporções.