Da Redação

Em meio ao crescente debate sobre o uso de recursos públicos em plataformas de apostas, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição não tem ferramentas técnicas ou legais para impedir que beneficiários do Bolsa Família destinem parte do benefício às chamadas “bets”, casas de apostas online.

De acordo com dados divulgados pelo próprio BC, os brasileiros têm movimentado valores expressivos nessas plataformas: uma média mensal de R$ 30 bilhões. O secretário do BC, Rogério Lucca, explicou que esse número só pôde ser estimado com mais precisão após a classificação da atividade das apostas como setor econômico específico.

“Com informações mais detalhadas, conseguimos confirmar os cerca de R$ 20 bilhões por mês inicialmente previstos, e agora observamos que esse montante pode chegar a R$ 30 bilhões”, comentou Lucca.

Galípolo destacou que o Banco Central atua apenas dentro do que é estabelecido por lei e que qualquer mudança nas regras sobre o uso de recursos sociais deve partir do poder legislativo. Ele citou estudos em andamento no Ministério da Fazenda sobre a possibilidade de filtrar ou limitar esse tipo de transação, mas reforçou que o BC apenas seguirá as diretrizes legais que vierem a ser determinadas.

O presidente do BC também descartou a possibilidade de rastrear transações via PIX para identificar apostadores, mesmo que sejam beneficiários de programas sociais. “Essas informações estão protegidas por sigilo bancário. Legalmente, não posso revelar dados de quem envia ou recebe valores através do PIX”, afirmou.

Galípolo ainda explicou que o Banco Central não tem atribuição constitucional para fiscalizar como os cidadãos utilizam seus benefícios sociais, e que sua atuação se restringe à supervisão das instituições financeiras — especialmente em temas como combate à lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e tráfico de armas.