LUCAS LACERDA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-policial militar Élcio de Queiroz afirmou à Polícia Federal e ao Ministério Público do Rio de Janeiro que o carro usado no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foi deixado com uma pessoa para ser destruído.
Élcio dirigiu o carro do qual Ronnie Lessa teria feito os disparos, e a dupla teria ficado com o veículo por dois dias após o crime, ocorrido na noite de 14 de março.
Na manhã seguinte ao assassinato, eles e Maxwell Corrêa picotaram a placa do veículo e retiraram cápsulas do carro. O material foi descartado em um trecho da linha de trem do Rio na zona norte da cidade.
As declarações foram feitas por Élcio em acordo de delação firmado por ele. No relato, o ex-PM afirma que, depois da troca e do descarte da placa, ele e o PM reformado Ronnie Lessa teriam deixado o carro com “Orelha”, dono de uma oficina mecânica em Rocha Miranda, na zona norte da cidade.
“O Ronnie deixou bem claro para explicar para ele ‘que isso aí tem que sumir… não pode aparecer, não pode vender peça, não pode fazer desmanche pra vender peças'”, afirmou Élcio no depoimento. Se possível, teria dito Ronnie, o carro deveria ser incendiado.
O descarte da placa e das cápsulas aconteceu no dia 15. Na manhã seguinte, 16 de março, Ronnie foi até a casa de Élcio, e a dupla saiu, Élcio no Cobalt, e Ronnie em outro veículo.
Eles dirigiram até uma praça na zona norte do Rio para encontrar Orelha.
“Pô cara, isso aí é para fazer um favor para mim, porque esse carro tá saindo muito na mídia e não tem nada a ver comigo, é um carro parecido”, teria dito Lessa a Orelha, segundo o depoimento de Élcio.
“Ele [Orelha] não queria saber de nada, estava apavorado”, disse Élcio. O medo, segundo o depoimento, era porque Orelha conhecia Ronnie da época em que o ex-PM atuava na região onde ficava sua oficina.
A dupla deixou Orelha com o carro e as chaves, e essa foi a última vez, de acordo com o relato do ex-PM, que eles viram o veículo.