SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil indiciou nesta segunda-feira (7) o soldado PM Luan Felipe Alves Pereira sob suspeita de tentativa de homicídio por ter arremessado um jovem de cima de uma ponte na Cidade Ademar, em São Paulo, no início de dezembro passado.

Pereira, 29, está em prisão preventiva (sem prazo) desde o dia 5 de dezembro no Presídio Militar Romão Gomes, na Vila Albertina, na zona norte de São Paulo. Ele foi interrogado nesta segunda no local, mas afirmou que só falará em juízo.

Assim que a Polícia Civil finalizar os trâmites do indiciamento, o inquérito será enviado ao Tribunal do Júri onde um juiz analisará o caso. Ele poderá dar um prazo ao Ministério Público para que o órgão decida fazer uma acusação formal à Justiça, pode pedir mais providências ou arquivar o caso.

Em nota à reportagem, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) do estado afirma que o inquérito está em fase de conclusão e deverá ser remetido ao Judiciário, com o indiciamento do agente, nos próximos dias.

“Nesta segunda-feira (7), policiais da 2ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) realizaram a oitiva do policial que permanece detido no Presídio Militar Romão Gomes (PMRG). Outros 12 policiais seguem afastados das atividades operacionais. O Inquérito Policial Militar (IPM) já foi concluído e encaminhado à Justiça Militar, enquanto um procedimento disciplinar permanece em tramitação”, informou a SSP.

Na ocasião da prisão do policial, a Folha de S.Paulo apurou que o pedido foi a primeira medida do comando da corporação para indicar à tropa que comportamentos violentos e fora dos previstos pelas diretrizes não serão mais tolerados.

Na decisão que decretou a prisão do policial, o tribunal aponta que a ocorrência teve início com um fato considerado “questionável”: o policial teria ligado para um agente de seguros para perguntar se, ali na região, havia alguma moto roubada sendo rastreada. Essa conversa teria desencadeado a operação que resultou na abordagem ao motociclista.

“Ouvido em sede inquisitorial, acompanhado de advogado constituído, o representado declarou que, ao iniciar o serviço, contatou um civil que trabalha em uma seguradora para verificar se havia veículo produto de roubo com rastreamento ativo na região de patrulhamento. Segundo ele, foi informado sobre uma motocicleta Yamaha, o que motivou o deslocamento para sua apreensão”, traz trecho da decisão.

O juiz Fabrício Alonso Martinez Della Pachoa, substituto da Justiça Militar, afirma ainda que o PM não fez o devido registro de todos os fatos que ocorreram naquela noite tampouco indicou qual a destinação dada à moto do rapaz agredido. Na sentença, o magistrado aponta que, além da agressão em si, podem ter ocorrido outros delitos militares.

Na audiência de custódia, Wanderley Alves, advogado de Pereira, pediu a revogação da prisão preventiva e disse que o soldado já vinha cumprindo o expediente na Corregedoria, como havia determinado o comando da Polícia Militar, e que a investigação até o momento tratava de lesão corporal e de uma eventual violência arbitrária.

O Ministério Público, representado pela promotora Mariana Padulla de Souza, rejeitou os argumentos. Por fim, o juiz decidiu manter a prisão.

Pereira, que tem oito anos de corporação, já respondeu a ao menos dois IPMs (Inquéritos Policias Militares), quando o policial sofre investigação interna sob a suspeita de cometimento de crime. Um dos casos ocorreu me 2019 e outro em 2020, conforme publicações oficiais, ambos quando estava em unidade da zona sul da capital.

Os agentes de segurança envolvidos na perseguição pertencem à Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) do 24º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Diadema, na Grande São Paulo.

Conforme o registro policial, eles omitiram terem jogado o homem da ponte. Relataram que o local era de risco por ser reduto histórico de bailes funk, mas que não encontraram nada ilícito durante a abordagem.